Como diversos fatos da língua, a colocação de pronomes se apresenta diversificada conforme se use em circunstâncias de informalidade, isto é, entre pessoas de nossa intimidade, ou entre pessoas de cerimônia, com quem se deve falar ou escrever de acordo com as normas padrões do chamado uso formal ou exemplar, em obediência às normas da gramática escolar, dita gramática normativa.
Coloquialmente, pode-se começar um período por pronome átono (me, te, se, o, a,
lhe, nos, vos, os, as, lhes), ou seja, podemos dizer 'Me diga isto', e até se
pode fazê-lo por escrito, quando se trata de ambiente de informalidade entre
escritor e leitor. As crônicas, que em geral são conversas amenas entre esses
dois personagens, nos dão muitos exemplos desta colocação de pronomes. Já em
circunstâncias formais, a regra é nos conformarmos com as normas gramaticais,
que, é verdade, não são muitas nem complicadas. Para os que desejarem
conhecê-las, vamos aqui enumerá-las:
1) Não se inicia período por pronome átono: Diga-me isto (e não: Me diga
isto); Dê-me água, me pediu (ou pediu-me) a criança (e não: Me dê água). Em 'me
pediu a crian-
ça', não se está começando o período, mas a oração, o que está correto.
2) Não se põe pronome átono depois de verbo flexionado em
oração subordinada: Vejo que me olhas com desconfiança (e não: olhas-me); O
livro que lhe emprestei está esgotado (e não: emprestei-lhe); O professor já
saiu porque o chamaram pelo microfone (e não: chamaram-no).
3) Não se coloca pronome átono depois de verbo modificado por advérbio de
negação ou precedido de palavrade sentido negativo: Não te digo nada (e não:
digo-te); Ninguém a viu (e não: viu-a); Nada nos interessa(e não:
interessa-nos).
4) Não se coloca pronome átono depois de verbo no futuro do presente e no
futuro do pretérito (condicional): Eu lhe direi a verdade (e não: direi-lhe);
Você lhe diria se soubesse (e não: diria-lhe).
5) Não se põe pronome átono depois de verbo precedido de palavra interrogativa
ou exclamativa: Quem o verá
zangado? (e não: vê-lo-á); Quanto me custa dizer não! (e não: custa-me).
Evanildo
Bechara
Acesso em
0406/2013