terça-feira, 17 de março de 2015

O BIBLIOTECÁRIO NO CONTEXTO TECNOLÓGICO





No dia 12 de março comemorou-se o Dia do Bibliotecário. A data, escolhida em homenagem a Manuel Bastos Tigre, primeiro bibliotecário do Brasil, foi instituída nos anos 1980. Mas o que mudou efetivamente na carreira destes profissionais desde então?

O ambiente taciturno de uma biblioteca, com livros empoeirados e profissionais de idade avançada, ficou no imaginário popular. Se nos anos 1980 a máquina de escrever reinava absoluta em grande parte das bibliotecas, com controles de acervo sendo feitos de forma manual, hoje vemos bibliotecas integradas ao contexto digital, onde o usuário consegue interagir com o acervo de formas variadas, da tela do computador ou com um toque no celular, por meio do aplicativo da biblioteca.

Com estas adequações, o dia-a-dia da profissão de bibliotecário passou por diversas mudanças, que na verdade tendem a se intensificar. A explosão da informação deixou o trabalho ainda mais complexo, mas hoje são múltiplas as oportunidades de criação de um ambiente muito mais atrativo ao público, por meio da utilização de ferramentas tecnológicas.

Para Liliana Serra, bibliotecária da empresa Prima, que desenvolve o software para bibliotecas SophiA, o advento digital transforma profundamente o ambiente que conhecemos nas bibliotecas. “Algumas instituições estão nascendo sem a presença de acervo físico, com seus acervos compostos apenas por documentos digitais. Em outros casos, o digital está substituindo o físico, abrindo condições para outras utilizações do espaço da biblioteca.”

Mas engana-se quem pensa que a diminuição da presença dos usuários nos espaços físicos da biblioteca diminuiu também a procura pelo acervo. “A quantidade de documentos digitais consultados pelos catálogos na Web, as visitas ao site da instituição e a utilização de serviços oferecidos online aumentou enormemente, o alcance ficou maior. A biblioteca não atende mais somente sua comunidade próxima, mas qualquer pessoa interessada em consultar seus acervos. A exposição ficou maior, o que acarreta em novas responsabilidades.”, afirma Liliana.

Neste contexto está a Biblioteca Nacional Digital, filha mais nova da Biblioteca Nacional que tem suas origens advindas da chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, no século XIX. A instituição vem revolucionando a forma de acesso ao seu acervo. Por meio do sistema Sophia a BN Digital tem cerca de 900 mil documentos disponibilizados a um clique de distância de qualquer lugar do mundo. Em seu site encontramos preciosidades como a 1ª edição de Os Lusíadas, A Carta de Abertura dos Portos, o Decreto que antecedeu a Lei Áurea, entre outros.

É a era do “Just in time”, com usuários buscando recursos e serviços rápidos para atender às suas demandas.  Para se atualizar a este cenário o bibliotecário precisa explorar os recursos tecnológicos e de gestão para que tenha condições de otimizar sua atividade e oferecer serviços de informação com a agilidade solicitada. As ferramentas estão sendo oferecidas: repositórios digitais, streaming de áudio e vídeo, aplicativos para dispositivos móveis, autonomia ao usuário por meio de terminais web inteligente, mas não para por aí.

Existem diversas perspectivas de aplicação de novas tecnologias em bibliotecas. O mercado de softwares já começa a trabalhar nelas. Web semântica, linked data, big data, business intelligence, são alguns exemplos. Mas antes de pensar nestas é preciso digerir e aplicar em toda a sua complexidade as que já estão disponíveis para uso, e esta é uma tarefa para um profissional que tem sede de informação: o bibliotecário.