domingo, 16 de março de 2014

FUNÇÕES DO "SE"


Para quem está se preparando para vestibulares e concursos públicos, você já se deparou com o seguinte assunto: As funções do “se”?
Falarei sobre esse assunto em algumas postagens – em doses homeopáticas, para não se tornar um assunto muito assustador, agora vamos aprofundar mais. Mas não se preocupe que não é tão assustador assim...

Anote: A primeira função do “se” que vou mostrar é: Pronome reflexivo.
Lembre-se de que a palavra “reflexivo” já remete a algo que volta para si mesmo, certo?
Pronome Reflexivo
Indica que o sujeito pratica a ação e que essa ação recai sobre esse mesmo sujeito.
Ex.: O gerente se feriu com a atitude que tomou.
E, ainda, dois sujeitos praticam uma ação recíproca, ou seja, um causa efeito no outro.
Ex.: Romeu e Julieta amam-se.
 “Se” nesses dois casos são pronomes reflexivos.
Outra função do “se” é Partícula integrante do verbo. O próprio nome já avisa: “se” faz parte do verbo, praticamente nasceu com ele.
Ex.: Por que ele não para de se queixar?
Da mesma forma que digo queixar-se, digo queixar-me, queixar-nos, etc. Quando a partícula é integrante do verbo, podemos usar todos os pronomes oblíquos átonos: me, te, nos, vos.
Além da função de pronome reflexivo e de partícula integrante do verbo, como vimos, o “Se” também faz papel de partícula apassivadora e de partícula de realce, chamada, também, de partícula expletiva.
Partícula apassivadora: Serve para indicar que a frase está na voz passiva sintética. O que é voz passiva sintética?
Só para relembrar:
Vozes do verbo
Voz ativa: o sujeito faz a ação:
Ex.: Martha digitou todo o trabalho em apenas trinta minutos.
Sujeito: Martha
Voz passiva: Quem comete a ação agora é o agente da passiva:
Todo o trabalho foi digitado por Martha em apenas trinta minutos.
Sujeito: Todo o trabalho
Agente da passiva: por Martha.
A voz passiva divide-se em dois tipos: Voz passiva analítica e voz passiva sintética.
Voz passiva analítica: Algo é feito por alguém.
Ex.: A prova do concurso está sendo preparada.
Ex.: A estatística foi feita pelo IBGE.
Ex.: A prova foi bem elaborada.
Voz passiva sintética: Faz-se algo
Ex.: Cortam-se cabelos.
Ex.: Falavam-se bobagens.
Ex.: Finalizaram-se as provas.
Ex.: Alugam-se casas.
Perceba que essas frases podem ser transformadas em voz passiva analítica (apenas frases com verbos transitivos diretos - aqueles que não vêm acompanhados de preposição):
Ex.: Cabelos são cortados
Ex.: Bobagens são faladas
Ex.: As provas foram finalizadas.
Ex.: Casas são alugadas.
Voltando ao assunto partícula apassivadora: o elemento “se” nas sentenças passivas sintéticas é chamado de partícula apassivadora. 
Partícula de realce ou expletiva
Como já dito, é usada para dar maior ênfase ao que se quer dizer. Acompanha verbos  intransitivos, ou seja, aqueles que não necessitam de complemento.
Ex.: Murcham-se as flores. 
O verbo murchar, não necessita de pronome e é intransitivo (Flores murcham).
O “se” nesse caso é usado apenas para realce.
Outro exemplo: O vento se foi tão rápido quanto veio. 
Agora o “se” como índice de indeterminação do sujeito e “se” como sujeito acusativo.
Falaremos agora sobre o uso do “se” como indeterminação do sujeito e sujeito acusativo:
Indeterminação do sujeito: 
Ex.: Precisa-se de livros. 
Quem precisa? Não sabemos.
Ex.: Morre-se de tédio.
Quem? Também não sabemos.
Ex.: Necessita-se de voluntários.
Quem necessita? Outra vez, não sabemos.
Sentenças assim, cujo sujeito não é claro, ou seja, ele é indeterminado, a partícula “se” tem a função de “Índice de indeterminação do sujeito”, pois não podemos apontar quem precisa, quem morre, quem necessita.
Você pode perguntar: O que é sujeito indeterminado?
Primeiramente: Não é possível determiná-lo
Além disso: O verbo encontra-se na 3ª pessoa do plural, sem a existência de uma pessoa que cometeu a ação:
Ex.: Enviaram o e-mail para o endereço errado.
Ex.: Disseram que ele chegou atrasado.
Quem enviou o e-mail? Quem disse que ele chegou atrasado? Não sabemos.
E ainda, o verbo encontra-se na terceira pessoa do singular mais a partícula se – detalhe – nesses casos o verbo é sempre transitivo indireto, ou seja, vem acompanhado de preposição.
Ex.: Precisa-se de mais tempo.
Ex.: Necessita-se de voluntários.
Neste último caso o sujeito é indeterminado e classificamos a palavra “se” como índice de indeterminação do sujeito.
Sujeito acusativo
O elemento “se” é considerado sujeito acusativo quando ele é sujeito de um verbo e objeto direto de outro ao mesmo tempo. Que enrolado! Mas um exemplo vai clarear, eu penso:
Ex.: Eles deixaram-se levar pela indisciplina alheia.
Qual o objeto do verbo deixar? “se” que corresponde a “eles”.
Qual o sujeito do verbo “levar”? “se”.
Ou seja, o objeto do verbo deixar é “se” e o sujeito do verbo levar é “se” também. Quando isso acontece, a partícula “se” é chamada de sujeito acusativo, afinal foram eles mesmos os responsáveis por cometer uma ação e por ser o objeto dessa ação.