terça-feira, 11 de março de 2014

O MASSACRE DA LÍNGUA PORTUGUESA



Existe outra forma de comunicação que também é algo para se pensar: é um assombro.
Dia desses, ouvi um papo mais ou menos assim:
Locutora: "Ana porque voceis num veio onte?"
Ana: "As menina queria vim prá cá cumigo e eu inté quiria vim também, mais sacumé, né!"
Claro que este é um estereótipo no qual se chega à “incontabilidade” dos erros de português, e, ainda assim, as pessoas se entendem: falam mal, mas se comunicam. Entretanto, se o assunto for um pouco mais complexo, as chances de ruído na comunicação serão grandes.
A gravidade desse tipo de linguagem é tamanha que se chega às raias do absurdo em se assistir às autoridades perceberem a ignorância de seus cidadãos e nada fazerem para auxiliá-los, sequer providenciam a melhoria do ensino. Pior!!! Empurram a culpa para as administrações anteriores, e se quedam inertes, deixando tudo do jeito que está.
A impressão que se tem é que estamos todos brincando de "telefone sem fio": na passagem da mensagem, de uma pessoa para outra, tudo é deturpado. Isso não se restringe a uma classe menos privilegiada: falar, expressar-se mal, está em toda parte. 
A internet é um foco permanente de uma comunicação ruim. Adolescentes (que, por sinal, adoram simplificar tudo), estudantes de faculdades, executivos, secretárias, não se esmeram na escrita nem na fala, indo de encontro às regras gramaticais supostamente ensinadas na escola.
Será que tudo está fugindo ao controle?
A maioria dos segmentos se contenta em falar amenidades.  Nada, além disso, nas conversas.  Essas amenidades fazem você voltar para casa com a sensação de que o dia foi completamente improdutivo, sem nenhum passo à frente.
A quantidade de informações se avoluma cada vez mais: revistas, jornais, livros, internet, mídia...
Quando pequeno, lembro-me de ter visto alguns pescadores puxando uma rede tipo “arrastão”.  Fiquei impressionado com a quantidade de coisas que havia na rede: águas-vivas, peixes pequenos e grandes, restos de peixes desprezados por predadores, ostras, mariscos, bota suja, restos de linha de pescar, camarões, garrafas, uma ou outra lagosta, plásticos diversos, conchas inteiras e quebradas, estrelas do mar... O que mais me deixou perplexo foi o tanto de lixo em meio a tudo isso.  Foi de lá que tirei uma lição de vida: em tudo que fazemos, a tendência é vir coisas boas e um grande número de coisas sem utilidade ou qualificação. Aprende-se bastante com as informações, mas é necessário filtrar o que chega até nós. 
Assim, prendemo-nos a tantas amenidades que nos sobra pouco tempo e espaço para fatos e conhecimentos mais nobres. Tudo se torna superficial, inclusive as conversas.