terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O INIMIGO TRABALHA AO LADO





A máxima “quando um não quer, dois não brigam” nem sempre é válida, mesmo no trabalho: basta uma brecha e surgem os desafetos. O relacionamento no ambiente corporativo é um dos pontos mais críticos para profissionais de todas as áreas. Apesar de desavenças serem contra produtivas, não faltam histórias de chefes ou colegas que tentaram prejudicar ou influenciar negativamente a imagem de outras pessoas. Segundo especialistas, a forma com a qual os envolvidos lidam com o período após a briga pode ser determinante para a posição na empresa.

Para driblar o clima ruim, a atendente da loja de conveniências BR Mania Regiane Neves, 28 anos, prefere levar na esportiva. Ela admite que já sofreu com intrigas por parte de colegas. “O melhor é evitar atritos e tentar manter o cooperativismo com os colegas. Uma mão sempre lava a outra. Outras funcionárias já tentaram me prejudicar, mas, após uma confraternização interna, nos tornamos mais próximas e hoje somos amigas”, relata. Colega de Regiane, Luciléia Marques, 32, acredita que discussões podem ser benéficas, desde que não sejam acaloradas: é uma oportunidade para que os envolvidos exponham pontos de vista e conheçam a opinião dos colegas. “Certo grau de conflito no trabalho é saudável e acaba agilizando a resolução de problemas. Eu nunca entro em um emprego com a ideia de fazer amigos. Naturalmente, fazer inimigos também não é o ideal. Para mim, a melhor saída está no respeito e na reciprocidade. Reclamar para um superior, só em último caso; muitas vezes não vale a pena”, reconhece.

Vou contar para o chefe

Será que recorrer ao gestor é uma boa ideia? Segundo Lúcia Helena Moura, analista de recursos humanos, a resposta é não. Casos de rivalidades só devem ser levados a superiores em situações extremas, onde há assédio moral, por exemplo. “Por incrível que possa parecer, casos de desavenças no trabalho por picuinha são os mais fáceis de serem superados, já que, às vezes, o que falta é uma oportunidade de um colaborador conhecer o outro de forma mais próxima. Eventos promovidos pelas companhias costumam ser ideais para isso. Levar assuntos menores ao conhecimento da chefia é extremamente negativo para ambas as partes: acaba sendo um atestado de que, em vez de trabalharem, ambos estão perdendo tempo com fofoca e intriga”, diz.

A especialista ressalta que o profissionalismo deve ser mantido. “Assim, pode haver um clima de segurança entre os colaboradores. Existem casos de funcionários que tomam atitudes que não seriam bem-vistas pela organização onde trabalham e, por ingenuidade,
acabam desabafando com um colega que pode vir a usar essa informação contra ele por vingança em algum momento. Nesse sentido, melhor do que ficar com o pé atrás é prezar pela reputação”, alerta.

Para o coach e autor do livro A reinvenção do profissional: tendências comportamentais do profissional do futuro (Editora Novo Século, 160 páginas, R$ 29,90), Alexandre Prates, a melhor saída para ocasiões conflituosas é demonstrar maturidade e inteligência emocional, já que mais grave que o atrito são as consequências geradas por ele. “O erro ocorre no momento em que uma situação profissional é levada para o âmbito pessoal. Com ânimos exaltados, um problema de pouca importância pode se tornar muito mais difícil de ser contornado, já que pessoas alheias à discussão acabam tomando partido, complicando a situação”, diz

Dona encrenca

Segundo pesquisa de 2009 realizada pelo grupo Workplace Bullying Institute, as mulheres são mais propensas a criarem intrigas no ambiente de trabalho. O estudo realizado pelo grupo norte-americano pesquisou sinais de bullying em ambientes corporativos e concluiu que o sexo feminino está mais agressivo e competitivo que o masculino. Para Carolina Rezende, fundadora da escola de empreendedorismo feminino Mulher de Negócio, o sexo feminino é, de fato, competitivo. Porém, segundo a especialista, devido à empatia, mulheres tendem a manter postura colaborativa. “Estamos todas no mesmo barco, não faria sentido simplesmente tentar puxar o tapete uma da outra. Tentar reconhecer os próprios erros, pedir desculpas e chegar a um acordo é a atitude esperada para sanar qualquer conflito”, diz.

O lado da empresa

Para o psicólogo Romiro Alves, criar um ambiente harmonioso também é responsabilidade da companhia. “Quando a empresa toma conhecimento da má conduta profissional de alguns funcionários, mas não adota soluções para o problema, mesmo sabendo que isso pode prejudicar os bons resultados da equipe, isso demonstra falha de gestão”, diz. “A empresa precisa criar um ambiente adequado para os colaboradores, eliminando — em último caso — pessoas com perfis contraprodutivos do quadro de funcionários, mas, antes, priorizando a reconciliação e o fator humano de cada colaborador.”

Escritório não é campo de batalha

Cinco passos para lidar com inimigos no trabalho:
1. Saiba que ter adversários é normal
2. Fortaleça a sua reputação
3. Entregue resultados
4. Seja firme e verdadeiro
5. Não se desespere





Fonte: Alexandre Prates