quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

QUAL É O "PÔBREMA" DO NOSSO SISTEMA EDUCACIONAL?




Sou professor do ensino superior e hoje acordei assustado. Sonhei com um jumento resolvendo uma questão de matemática na sala de aula que eu lecionava. Ele somava 2 + 2 e dava como resultado 3. Acordei umas 4 horas da manhã e passei o restante da madrugada correjindo muitos trabalhos, mas aquele jumento não saia da minha cabeça. Fiquei a pensar: qual é o pôbrema do nosso sistema educacional? O pôbrema está em mim, no governo, na família, na escola ou nos alunos que não querem nada? Será se nós queremos alguma coisa? Mas, não querer nada, já é querer alguma coisa. Ou será que o problema está é na sociedade e nos valores que ela cultiva? Ouvi durante a campanha política presidencial promessas de meritocracia de um lado e mágica pronateckiana do outro. Não sei quem está mais erado. Seria errado eu acreditar em um ou em outro. Eu que acredito no potencial poder salvador e libertador da educação. No entanto, vejo meus alunos egressos do ensino médio sem a mínima condição de acompanhar os conteúdos. Meus colegas dizem que a maioria dos alunos chegaram ao ensino superior por um desastre do o processo seletivo.

Ouvi de um colega sem muito compromisso um discurso coletivista: "facilite a vida dos alunos", ou "precisamos nivelar por baixo". Alguns querem mesmo é matar a individualidade. Me sugerirão(m) "reprove a todos", "os alunos é que se danem, no final do mês minha bufunfa está na conta, é pouco, mas dá pra viver". Fico atônito quando os estudantes, em sua grande maioria reprovam a performance do professor. O que ouço é que os professores ou são ruins ou são péssimos. Quando percebo uma linha tênue entre estas duas falas, ela não passa de: "a prática pedagógica deste professor é insatisfatória em sala de aula".

Pergunto-me: Existe estímulo para um estudante se dedicar, se outro que nada sabe e nada faz será aprovado da mesma forma que ele? E o que é pior, muitas vezes com notas melhores. E quem foi que disse que estudante precisa de estímulo para estudar? Sua profição é estudar. E nesta profissão a carga horária deve ser superior às 08 horas diárias previstas para as demais profissões. O que nada sabe, nem de estudante pode ser chamado. Se for aprovado, a vida se encarregará de reprová-lo. Mas bem, eu não sou a vida, logo, deixarei que ele pesque as melhores notas. A professora de matemática me disse que "os egressos do ensino fundamental não carregam o mínimo necessário e indispensável para dar continuidade aos estudos". Destarte, eles só chegam ao ensino médio por causa da aprovação automática. Ninguém pode perder. Ou seria ganhar? Neste caso, passar sem saber nada seria perder.

Outro dia, um aluno me perguntou: "Mas professor, qual vantagem existe em alguém se tornar um grande profissional? Enquanto eu pensava na resposta, ele me disse: "No Brasil o que dá dinheiro é ser político corrupto. Quero ser profissional". Tomei fôlego e vi que se tratava realmente de um aluno e não de estudante. O que ele falou pode até ser verdade e sei que muitos concordam com ele. E quem seria louco de discordar de mim se eu dissesse que estes caras não são grandes profissionais, ao menos nos aspectos éticos e morais. Há quem pence que político é tudo ladrão. Não pense você que eu não sei o português. Ao menos o básico eu sei. Fico preocupado, visto que todos nós fazemos política o tempo inteiro. Ainda bem que a política partidária alguns detestam, senão, com base nesta afirmação, todos seriam corruptos. O pai de uma aluno do 9° semestre de engenharia cartográfica me reclamou porque sua filha não sabe cálculo elementar de aritmética, não sabe coordenadas geográficas, nem interpretar. Falei para ele que a filha dele é ótima aluna, ao menos em interpretação. faz um bom papel de aluna.

Com as promoções educacionais que vejo na televisão e as oportunidades de estudo em grandes universidades, em cursos na modalidade à distância e até mesmo em cursos presenciais por mensalidades a partir de R$99,999 cheguei a conclusão de que cada vez mais os alunos não estão presentes em sala de aula e que o que eles querem mesmo é distância dos estudo. Em minhas aulas vejo de tudo, alunos com ipad, pipa, diário, maconha, iphone, papel de carta, metralhadora, tablet, dominó, discman, chicletes, walkman, crack, peão, x-box, comida, espingarda. Dizer que este aluno quer ficar de 4 a 6 horas por dia numa sala de aula sem os seus brinquedinhos é uma insanidade. Ouse concorrer com estes mimos que eles levam para sala de aula. Sem este aparato a escola fica um çaco, torna-se vazia e entediante. Hoje, ao terminar a aplicação de uma prova, coloco todas elas em um saco e vou rindo para casa. Eu riu das brincadeiras, como esta com a língua. Na verdade, eu rio mesmo é das asneiras que sou obrigado a ler. O colega professor disse que o aluno riu de mim. Me lembro da época em que a escola era um lugar de aprender. Não que hoje isto tenha se perdido e não se aprenda mais nada. Aprende-se e apreende-se muito, principalmente adolescentes e jovens infratores em conflito com a lei. A violência se tornou tão violenta com a escola, que a escola tomou medo e deu o seu lugar para a violência. Sou defensor da necessidade de se aplicar medidas socioeducativas mais efetivas. Às vezes havia intretenimento, brincadeiras e distrasões durante os estudos. Me lembro de "bater figurinhas" no fundo da sala durante a aula com meus colegas e até brincar de elástico com minhas coleguinhas, só para ganhar um bejinho ao final da aula. O problema é que hoje não se tem mais estudos, a onda agora é bullying e cyberbullying. As aulas são uma mescla de distrações, violências e entretenimento. Descobri que na lista dos animais em extinção está o bicho estudante, logo ele, o mais racional dos animais.

Tenho um aluno que é excelente. Falei para ele que se a minha matéria fosse arte circense, ele já estaria aprovado com louvor. Ele cir sente o máximo. É desenvolto, galhofeiro, inquieto. É um verdadeiro palhaço. Daqueles cuja graça, causa náuseas. Como posso eu, um mero graduado, professor de direito quântico mecatrônico concorrer com um pós doutor em sacanagem?. Outro dia, ele teve a corajem de finjir um desmaio em sala de aula durante a prova. A sorte foi que eu tive a coragem de lhe por para fora da sala de aula, fingindo que o maluco da história era eu. Ele do auto do largo cabedal do seu saber me disse que eu deveria ter mais paciência e menos conhecimento. Bem que ele tem razão. É preciso ter paciência com um governo que não paga nem o piso salarial para os professores, imagine sonhar com o teto constitucional da Alta Corte Nacional. Com a dramatização empreendida pelo aluno aprendi que preciso de menos didática e mais jeito de expectador. Nesta vida, tudo é passageiro.

Tomei a decisão de voltar a advogar e estudar para concurso público. Ensinar em duas faculdades particular e em uma universidade pública está me obrigando a deixar minha família de lado. Em troca de que? Baixos salários, desrespeito, cansaço e baixa líbido. Opa, esta última não anda baixa não. Aqui a única coisa que é baixa é a remuneração. Melhor assim, porque se os alunos sabem que o professor anda broxando, nunca mais ele consegue ministrar sua aula.

É preciso engulir muito sapo para acreditar que a escola é para todos. Se você não engolir o que eu falei, ao menos como com sal a ideia de que nem todos nasceram para a escola. Tenho que ouvir isto a todo instante: "Este aí não tem jeito" ou "Pau que nasce torto, não tem professor que endireita". Qual foi o pedagogo que insinuou que professor tem que endireitar alguém? Os arautos da pedagogia moderna querem me convencer de que eu tenho que arcar com dívidas históricas do país. Se querem ou não, pouco importa. existe um contingente enorme de vidas sendo ceifadas sem nem saber fazer u "o" com o copo, imagina escrever copo com o. Ou pagamos as dívidas agora, ou teremos um futuro muito mais endividado.

Sou do grupo que defende fechar a escola e abrir os olhos dos alunos para que estes se tornem estudantes. Penso que os professores devem deixar de ser mestres onipotentes. Resta-nos o trabalho braçal de formar e informar uma geração perdida. Perdida em si mesma. Uma geração sem norte e sem sul. Cheguei a conclusão que o pôbrema do nosso sistema educacional é não ser um sistema. Todos possuem sua parcela de culpa. Governo, família, escola , alunos que não querem nada e até os que querem.

Com o bixo aluno em extinsão, o jeito é mandar o jumento para a escola.


Este testo foi escrivido inicialmente para o site ney1.com. Possíveis erros de português e matemática são em decorrência do pécimo pôbrema do nosso sistema educacional. Dúvidas e recramações podem ser efetuadas para o autor pelo email acimarney@gmail.com