quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

LIDAR COM PESSOAS É O MAIOR DESAFIO DE GESTÃO


Imagine uma equipe formada por diversas pessoas que desempenham uma mesma função. Apesar disso, o temperamento, a formação e o jeito de ser de cada um desses profissionais é muito diferente. A premissa é óbvia, mas lidar com uma situação dessas não é nada fácil. Um gestor menos preparado pode enfrentar problemas – tentando nivelar todos os funcionários a um mesmo padrão e, com isso, deixando de extrair o que há de diferenciado em cada um deles.

Segundo Víctor Martinez, CEO da Thomas Brasil, empresa especializada em gestão de pessoas, quem não recebeu treinamento para ser líder tende a se comportar como um gestor que ele mesmo gostaria de ter. “E isso não funciona porque, justamente, as pessoas são diferentes. Ele pode pensar que ser complacente e um pouco mais brando na hora de cobrar resultados é uma medida inteligente, mas, para seu subordinado, isso pode mostrar que ele não é um bom líder”, exemplifica.

Sem preparo

Martinez diz ainda que um fenômeno muito prejudicial na carreira é as pessoas acharem que determinado funcionário será um bom líder porque ficou velho ou porque faz bem alguma coisa. “Não se aprende a ser chefe porque se realiza bem determinada tarefa. A liderança requer também uma parte teórica e técnica. Por exemplo, para fazer um bom churrasco, não basta uma boa carne. É preciso saber a quantidade de sal, a altura do fogo e o tempo de cozimento”, compara.

Uma pesquisa da consultoria americana Career Builder aponta que 1 em 4 gerentes admitiu não estar preparado para ser líder quando assumiu a supervisão de outras pessoas. Entre as maiores dificuldades em lidar com a equipe estão as questões de relacionamento entre os funcionários (25%); a motivação (22%); a avaliação de desempenho (15%); a dificuldade em conseguir recursos para dar suporte à equipe (15%); e a criação de um plano de carreira para o time (12%). Entre as maiores dificuldades em lidar com a equipe estão as questões de relacionamento entre os funcionários (25%) e a motivação (22%), aponta pesquisa

Avaliação

Antes de o profissional assumir o desafio de ser líder, Martinez recomenda que ele faça uma avaliação de autoconhecimento. “São instrumentos que mostram quais são as suas características comportamentais."

"Corre-se o grande risco de em promover uma pessoa indevidamente: a empresa ganhar o seu pior gerente e perder o seu melhor vendedor”, analisa Martinez. "Ao mesmo tempo, também não adianta ter um líder muito preparado se a empresa não tiver uma política que incentive o comprometimento profissional, como um plano de carreira e de desenvolvimento e tenha um ambiente que estimule a criatividade e a inovação”, diz Alexandre Prates, especialista em desenvolvimento humano, liderança e desempenho organizacional.

Comprometimento

Para a advogada Maria Gabriela Moya Ganunny El Bayeh, especialista em gestão, liderar é, antes de tudo, um ato de comprometimento e coragem. “Em cada fase da carreira, há um aprendizado: no início, lidar com a própria insegurança é o verdadeiro desafio; depois, é a experiência que conta; e, mais para frente, há que se ter sensibilidade até para reavaliar as experiências sem imaginar que já sabemos tudo”, afirma.

Gabriela conta que aprender a mandar não é difícil, mas pressupõe que se tenha uma visão ampla do conjunto do trabalho. “Há ainda que se dosar a fala e o comportamento para que os subordinados não achem que você está pedindo um favor, nem, pelo contrário, dando uma bronca.”

Prates comenta que a dificuldade em lidar com pessoas é uma reclamação de 100% dos gestores que buscam seu processo de coaching. “A queixa é comum, especialmente em relação à geração Y, que é mais preocupada com a sua própria carreira do que com a empresa.”

Competências

Prates diz que há dois tipos principais de cobranças dos gestores de seus subordinados: as faltas de competência – que são erros por falta de conhecimento ou habilidades e que são perdoáveis e possíveis de ensinar – e as faltas de comportamento – que são a falta de comprometimento, o profissional não se relaciona bem, não entrega as tarefas no prazo.

Para Gabriela, as últimas são as mais graves. “Contratamos as pessoas por suas habilidades técnicas, mas as dispensamos por comportamento inadequado. A verdadeira dificuldade não é lidar com a falta de conhecimento ou preparo dos profissionais, mas sim com as atitudes humanas. Esse é o verdadeiro desafio.”