A profissão de secretária não tem a sua origem muito conhecida. Diz-se por aí que a primeira secretária foi Eva! Outros afirmam que a primeira secretária assessorou Napoleão Bonaparte, sendo demitida por pressões da Josefina! Conta-se ainda que a primeira secretária assessorou a Rainha Vitória, trabalhando com luvas e chapéu!
Através de pesquisas históricas,
percebemos que o "antepassado" da secretária foi o Escriba -
profissional de atuação destacada em toda a Idade Antiga, junto aos povos que
desenvolveram a escrita e o comércio. Lendo a descrição do trabalho do escriba,
observamos que existe bastante semelhança com o trabalho da secretária,
resguardando, obviamente, as características de cada época: "O escriba
oriental é o homem que domina a escrita, classifica os arquivos, redige as
ordens, aquele que é capaz de recebê-las por escrito e, que, por conseguinte, é
naturalmente encarregado da sua execução".
Na obra "A fascinante
história do livro", de José Teixeira de Oliveira, encontramos interessante
citação, também sobre os escribas. Citação está que poderá, até, explicar
algumas das posturas das secretárias em nossos dias: "De início,
dediquemos algumas palavras aos escribas - preceptores da humanidade, segundo a
expressão de Claude Abastado. Na Grécia antiga, eles constituíam espécie de
confraria de letrados, privilegiada: uma casta hereditária, porém, sem o
caráter sacerdotal a que outras civilizações guindaram os seus confrades. Com o
advento da democracia, que proporcionou ao povo facilidades para aprender a ler
e escrever - instrumentos de liberdade intelectual, de igualdade social e
econômica, de progresso e de controle cívicos - seu prestígio sofreu restrição,
ou melhor, adquiriu novas roupagens. Parte metamorfoseou-se em eruditos,
filósofos, professores, sábios, escritores. Parte (constituída, principalmente,
de prisioneiros de guerra) permaneceu na condição de escravos, a serviço de
senhores capazes de aproveitar as suas aptidões mentais. Daqui saíam os
secretários, os copistas e leitores (e por que não?) os colaboradores
intelectuais das obras assinadas pelos amos. Cefisofão, escravo de Eurípedes,
passou à História, pelas mãos de Aristófanes, como tendo participado da redação
das peças do terceiro dos grandes trágicos. Perversidade do autor da Assembleia
das mulheres? Na esfera da burocracia, o escriba compartilhou das prerrogativas
e das penúrias que seguem os passos dos funcionários públicos em geral. Havia
os secretários dos tribunais e conselhos com poderes e regalias iguais aos dos
mais altos magistrados da cidade. No extremo oposto vegetavam os humildes de
todas as administrações: metecos forros ou escravos, modestos cidadãos que
tinham necessidade de ganhar a vida. Sua reputação não era das melhores".
Ao deparar-me com um
"antepassado escravo", pergunto-me se muitas secretárias, que mantêm
uma postura de submissão, não estariam ainda sofrendo as consequências daquele
antigo estado? Ou, se os gerentes que insistem em tratar as suas secretárias
como serventes, sem qualquer tipo de participação e iniciativa, também não
estariam preservando a antiga postura dos senhores da Grécia e Roma antigas?
Uma curiosidade, agora, quanto ao
desempenho dos escribas, mais tarde chamados de secretários, no Baixo Império
Romano: muitos deles eram taquígrafos! No Baixo Império Romano a estenografia
vulgarizou-se, assumindo importante papel nos escritórios da administração
pública.
A própria palavra secretária tem
origem no Latim, onde encontramos, a princípio, as palavras: secretarium/secretum, que significa
lugar retirado, conselho privado; e secreta: particular, segredo, mistério.
Acredita-se que, com o passar do
tempo, a grafia e o significado de tais palavras tenham sofrido alterações,
surgindo os dois gêneros.
Secretária e Secretário
Durante a Idade Média a função do
secretário praticamente desaparece, em face das condições políticas, econômicas
e sociais. A função será exercida apenas, em parte, pelos monges nos mosteiros
que, na realidade, não são exatamente secretários, mas, sim, copistas.
Na Idade Moderna, com o ressurgir
do comércio, a necessidade da função do secretário reaparece. Integra-se, mais
tarde, à estrutura organizacional das empresas e permanece em evolução até os
nossos dias.
A mulher passa a atuar como
secretária, de forma expressiva, na Europa e nos Estados Unidos, a partir das
Duas Guerras Mundiais. Com a escassez de mão de obra masculina, desviada para
os campos de batalha e, com uma estrutura industrial/empresarial desenvolvida,
as empresas não tiveram alternativas, para manterem-se em funcionamento, senão
a de utilizar a mão de obra feminina, em todas as áreas.
No Brasil, vamos perceber a
atuação da mulher como secretária a partir da década dos anos 50, com a chegada
das multinacionais, cuja cultura organizacional já estava habituada com a
presença da mulher.
Texto adaptado do livro: Gerente
e Secretária - Uma equipe de sucesso, de Liana Natalense.