Autor: Acimarleia Freitas
Inúmeras foram às vezes fui chorar escondida no banheiro, ou no refúgio do meu quarto, por sua causa. Permaneci em silêncio ou fingi que não estava nem ai enquanto você me tratava com absoluto descaso. Eu acordava todas as manhãs em contagem regressiva para que chegasse logo a sexta feira, durante o dia, contava as horas para poder sair do ambiente em que você estava. Tinha temor de você e por vezes acreditei que eu era incompetente como você dizia.
O mundo dá voltas, você sabia?
É obvio que você sabe. Todo mundo sabe.
Talvez, com toda sua arrogância, você só não tenha se dado conta disso ainda.
Enfim, é a lei natural das coisas. Sem saber você me ensinou uma coisa muito
importante. Ensinou-me a correr atrás dos meus objetivos, das minhas ambições
profissionais, do meu desejo de crescer. Descobri que eu tinha um grande
potencial.
Antes que o mundo complete sua merecida
volta, dando fim a um ciclo natural, pessoas estão se tornando fortes, enquanto
outras estão enfraquecendo. E essa movimentação natural, depende da nossa
preparação e pré-disposição à mudança, entretanto, só desencadeamos ao sermos
tirados da nossa zona de comodidade. Nesse momento advém o choque de identidade.
E por mais que esse momento de ruptura nos
deixa infeliz, por mais que possa parecer inexplicável e incoerência, o desafio
de ser posto à prova da própria competência trás um enriquecimento grandioso.
Falando em momentos infelizes, minhas memorias recorrem a alguns fatos,
desagradáveis, diga-se de passagem. Recordo-me de frases do tipo: “Você tem que
se conformar com sua posição, e não almejar ascensão”, “Ninguém nesse
departamento sabe fazer nada, são todos incompetentes”, “Acha que por ser aluna
de uma faculdadesinha qualquer, sabe alguma coisa”, “Chegar à posição de
destaque não é para qualquer um, não é para você”... Dentre outras tantas,
estas foram frases que eu ouvia no meu dia-a-dia de trabalho.
E refletindo nesse meu passado, percebi
que, a deficiência desses “Chefes Bananas” que encontramos gerenciando equipes,
pessoas, setores, departamento ou mesmo grandes organizações, são pessoas como
comuns, e na maioria das vezes incapazes de gerenciar a própria vida. Porque
ser um “Chefe Banana” não é uma soma de qualidades, mas, a falta delas. Aquele
que se acha o “Super Poderoso”, não passa de um grande “Babaca” que precisam
lamber o chão dos corruptos para conseguirem uma posição.
Superado o trauma da passagem desse
“gestor” pela minha vida profissional, percebi que seu senso estúpido de olhar
o aquele é hierarquicamente menor, aprimorou minha capacidade de raciocínio,
sua incapacidade operacional acelerou meu aprendizado e sua insensibilidade
para com o sentimento e a emoções das pessoas me fizeram desenvolver uma das
habilidades que mais utilizo diariamente, “Inteligência Emocional”, ou falando
de uma forma mais popular o “jogo de cintura”.
Então é por isso tudo que eu estou aqui
para lhe agradecer, pois o meu crescimento profissional deriva dos momentos que
me julgou incapaz. Pois provei a você, e principalmente a mim mesma, que sou
capaz de crescer com meus próprios esforços, sem fazer de ninguém escada para
que eu possa subir e sem que seja necessário (QI) “quem indica” para o meu
crescimento profissional.
“Um mundo sem chefes incompetentes é
altamente nocivo para saúde do mercado de trabalho”.