O desempenho do papel de secretária acompanhou as transformações e inovações
dos últimos tempos. Em paralelo, as técnicas secretariais também mudaram,
passaram a ser habilidades gerenciais adequadas aos tempos modernos.
Para a capacitação e qualificação de profissionais do secretariado, conta-se
com cursos de nível técnico e superior, bem como de especialização. Quem
participa desses cursos espera encontrar professores comprometidos com a
profissão, capazes de articular a teoria e a prática, despertando interesse
pela área e construção de novas habilidades. Uma das disciplinas que exige do
professor a união da experiência profissional com conhecimentos teóricos é a
disciplina Técnicas de Secretariado.
Em função da ausência de profissionais docentes formados na área de
Secretariado, muitos cursos de graduação em Secretariado Executivo, das
Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina, acabam contratando
professores de outras áreas do conhecimento para lecionar disciplinas
específicas. Infelizmente, poucos são os professores que lecionam em cursos de
Secretariado Executivo e são formados na área.
Orientei a monografia de uma aluna de pós em Secretariado que pesquisou a
formação acadêmica dos professores universitários da disciplina de Técnicas de
Secretariado nas Instituições de Ensino de Santa Catarina que oferecem o curso.
Resultado da pesquisa: 83,33% dos professores que ministram a disciplina de
Técnicas de Secretariado nas Universidades Catarinenses não são formados na
área. São oriundos de cursos variados: Letras, Administração, Economia,
Turismo....
Em muitos cursos de Secretariado, a disciplina de Técnicas de Secretariado
constitui-se numa das raras disciplinas, quando não a única, que aborda os
fundamentos específicos da área e se preocupa em articular teoria e prática na
graduação. Daí a necessidade do estudante ter um professor que lhe proporcione
um saber ativo-reflexivo. Ou seja, um saber que lhe induza a ação e a reflexão
de sua profissão: o mercado de trabalho, o perfil do profissional, os preconceitos
da profissão, a importância, a evolução, os valores, para capacitá-lo a se
inserir no mercado, apresentando, no mínimo, as exigências requeridas.
Cabe aqui uma reflexão: será que essa ausência decorre: (1) da carência de
profissionais formados e pós-graduados em Secretariado; (2) da ausência de
critérios de seleção da coordenação do curso em exigir um professor formado em
Secretariado Executivo ou (3) da falta de visão dos egressos e com vivência na
área em procurar a docência como carreira profissional?
Lamentavelmente o resultado desta pesquisa remete a uma fragilidade no ensino
de Secretariado, aparentando falta de consciência e de responsabilidade da
classe acadêmica na contratação de professores e falta de cobrança por parte
dos estudantes de um ensino-aprendizagem atualizado e dentro da realidade de
mercado.
Um processo de formação acadêmica requer professores competentes, qualificados
e atentos para promover uma atualização constante da estrutura curricular do
curso. Que tal reavaliar o nome da disciplina de Técnicas de Secretariado? Será
que não está ultrapassada se comparada ao real desempenho diário de um
profissional do secretariado?