Por ACIMARLEIA FREITAS
Nos últimos anos, o avanço da Inteligência
Artificial (IA) tem alimentado uma discussão cada vez mais intensa: o papel
do secretário está em risco de extinção? Empresas de grande porte, vêm
investindo em automação de processos, chatbots
e softwares de agendamento que prometem substituir parte das tarefas
tradicionalmente desempenhadas por profissionais de secretariado.
De fato, atividades repetitivas, como organização
de agendas, respostas a e-mails padronizados e gestão básica de documentos, já
podem ser executadas com relativa eficiência por sistemas de IA. Isso desperta
preocupações legítimas quanto ao futuro da profissão. Entretanto, limitar a
análise a essa perspectiva seria ignorar a essência do trabalho secretarial.
O que diferencia um secretário ou assistente
executivo não é apenas a capacidade de executar rotinas administrativas, mas a habilidade
estratégica de interpretar contextos, mediar relacionamentos, antecipar
riscos e apoiar a tomada de decisões. São funções que exigem inteligência emocional, empatia, visão
crítica e uma compreensão profunda das dinâmicas organizacionais —
dimensões que a IA ainda não é capaz de replicar.
Especialistas em gestão destacam que a profissão
não está em extinção, mas em transformação. O secretário contemporâneo
deixa de ser apenas o guardião da agenda para se tornar um elo estratégico
entre gestores, equipes e stakeholders.
Nesse cenário, a tecnologia não substitui, mas potencializa a atuação do
profissional, liberando tempo para que este se concentre em funções de maior
valor agregado.
O verdadeiro risco, portanto, não é a substituição
pelo robô, mas a falta de adaptação. Profissionais que resistirem ao uso de
ferramentas digitais ou não desenvolverem competências interpessoais mais
complexas podem, de fato, perder espaço. Já aqueles que abraçarem a inovação e
se posicionarem como gestores de processos, mediadores e apoiadores
estratégicos da liderança, tendem a ganhar ainda mais relevância.
O debate global não deve ser interpretado como uma
sentença de morte para a profissão, mas como um chamado à evolução. A IA
é poderosa, mas ainda carece da sensibilidade humana. Cabe aos secretários
modernos ocupar esse espaço singular, unindo tecnologia e inteligência
emocional, para reafirmar seu papel indispensável nas organizações do futuro.