POR: ACIMARLEIA FREITAS
Você já parou para pensar como a forma como nos
comunicamos pode transformar (ou comprometer) relações profissionais?
No livro Comunicação Não Violenta (CNV),
Marshall Rosenberg apresenta uma metodologia que vai além das palavras:
trata-se de uma maneira de criar conexões genuínas, baseadas em empatia,
respeito e colaboração.
Neste artigo, trago um resumo
capítulo a capítulo da obra, sempre fazendo um paralelo com o universo
do Secretariado Executivo — profissão que tem, na comunicação,
uma das suas competências centrais
Capítulo
1 – Dar de coração
Resumo:
Rosenberg apresenta o conceito central da Comunicação Não Violenta (CNV):
estabelecer conexões autênticas que incentivem a compaixão e a cooperação. Ele
destaca que a comunicação deve ter como objetivo a qualidade da relação, e não
a imposição.
Aplicação no secretariado executivo:
O/a secretário(a) atua como ponte entre diferentes
pessoas da organização. Comunicar-se de forma empática favorece relacionamentos
de confiança com gestores, equipes e parceiros externos.
Exemplo prático:
Ao receber uma solicitação urgente de um gestor, em vez de apenas repassar a pressão para outro setor, o profissional pode ouvir, reformular a demanda com clareza e transmitir ao setor responsável sem tom de cobrança, valorizando o trabalho da equipe.
Capítulo
2 – Comunicação que bloqueia a compaixão
Resumo:
O autor discute padrões de linguagem que dificultam conexões empáticas, como
julgamentos, comparações, rótulos e negação de responsabilidade. Essas formas
bloqueiam o diálogo genuíno.
Aplicação no secretariado executivo:
Evitar julgamentos ou frases que soem acusatórias
ajuda a manter um ambiente colaborativo, especialmente em situações de conflito
ou retrabalho.
Exemplo prático:
Em vez de
dizer: “Você nunca entrega os relatórios no prazo”, o secretário pode
reformular: “Percebi que os relatórios das últimas duas semanas chegaram
após o prazo combinado. Isso impacta o fechamento das atas. Podemos pensar em
uma forma de ajustar o processo?”
Capítulo
3 – Observar sem avaliar
Resumo:
A CNV orienta a separar observações objetivas de julgamentos subjetivos.
Observar de forma clara reduz mal-entendidos e evita que a outra pessoa se
sinta criticada.
Aplicação no secretariado executivo:
A prática da observação objetiva é essencial para
elaborar atas, relatórios e comunicações institucionais, que devem registrar
fatos sem interpretações pessoais.
Exemplo prático:
Durante uma reunião, em vez de registrar: “O
setor financeiro atrasou o pagamento de novo”, o secretário escreve: “O
setor financeiro informou que o pagamento previsto para o dia 10 foi realizado
no dia 15”.
Capítulo
4 – Identificar e expressar sentimentos
Resumo:
O autor enfatiza a importância de reconhecer e comunicar sentimentos de maneira
clara, em vez de mascará-los com críticas ou acusações.
Aplicação no secretariado executivo:
Reconhecer sentimentos ajuda a lidar com situações
de estresse, pressões e demandas múltiplas sem transmitir hostilidade ou
desgaste.
Exemplo prático:
Ao receber múltiplas tarefas urgentes, o secretário
pode dizer ao gestor: “Estou me sentindo sobrecarregado com as demandas
simultâneas. Podemos definir prioridades para atender melhor às suas
expectativas?”
Capítulo
5 – Assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos
Resumo:
Rosenberg destaca que ninguém é responsável direto pelos sentimentos de outra
pessoa; eles resultam das necessidades satisfeitas ou não satisfeitas.
Aplicação no secretariado executivo:
Assumir responsabilidade pelas próprias emoções
evita conflitos e favorece maturidade na comunicação.
Exemplo prático:
Em vez de: “Você me deixou nervoso com esse
pedido de última hora”, o secretário pode reformular: “Fico nervoso
quando recebo pedidos de última hora, porque tenho necessidade de organizar o
fluxo de trabalho. Como podemos evitar isso?”
Capítulo
6 – Pedidos que enriquecem a vida
Resumo:
O autor ensina a transformar exigências em pedidos claros, específicos e
realizáveis, aumentando a chance de cooperação.
Aplicação no secretariado executivo:
A clareza nos pedidos facilita o trabalho em equipe
e previne retrabalho.
Exemplo prático:
Em vez de: “Preciso que você faça isso rápido”,
o secretário pode dizer: “Preciso que este documento esteja revisado até
amanhã às 10h para que seja encaminhado ao reitor ainda pela manhã”.
Capítulo
7 – Recebendo com empatia
Resumo:
A CNV propõe ouvir com empatia, acolhendo os sentimentos e necessidades por
trás das palavras do outro, mesmo em críticas.
Aplicação no secretariado executivo:
Receber críticas ou reclamações de forma empática
fortalece a imagem profissional e mantém o clima organizacional equilibrado.
Exemplo prático:
Se alguém disser: “Esse setor nunca ajuda quando
precisamos”, o secretário pode responder: “Entendo que você esteja
frustrado. Você gostaria de ter um retorno mais ágil da nossa equipe?”
Capítulo
8 – O poder da empatia
Resumo:
Rosenberg mostra que a empatia cria conexão e confiança, e que ouvir é muitas
vezes mais transformador do que dar conselhos ou soluções imediatas.
Aplicação no secretariado executivo:
Praticar a escuta empática ajuda a compreender gestores
e equipes antes de agir, evitando ruídos na comunicação.
Exemplo prático:
Durante um conflito entre setores, o secretário
pode ouvir cada parte sem interromper, demonstrando compreensão antes de propor
soluções.
Capítulo
9 – Conectar-se consigo mesmo com compaixão
Resumo:
O autor ressalta a importância do autoconhecimento e do autocuidado na prática
da CNV. Reconhecer as próprias necessidades ajuda a não projetar frustrações
nos outros.
Aplicação no secretariado executivo:
Cuidar da própria saúde emocional permite lidar
melhor com pressões típicas da profissão.
Exemplo prático:
Um secretário que percebe estar esgotado pode
negociar prazos ou propor apoio em tarefas, em vez de acumular
responsabilidades até gerar desgaste.
Capítulo
10 – Expressar plenamente a raiva
Resumo:
A CNV não reprime a raiva, mas ensina a expressá-la
de forma consciente, identificando a necessidade não atendida por trás do
sentimento.
Aplicação no secretariado executivo:
Em ambientes corporativos, lidar com a raiva de
forma construtiva preserva relacionamentos e credibilidade profissional.
Exemplo prático:
Em vez de levantar a voz quando um prazo é
desrespeitado, o secretário pode dizer: “Fiquei irritado porque esse atraso
prejudica o cronograma. Podemos rever juntos uma forma de evitar isso no futuro?”
Capítulo
11 – Resolução de conflitos
Resumo:
A CNV pode ser aplicada na mediação de conflitos, ajudando as partes a
expressarem necessidades e a buscarem soluções que atendam a todos.
Aplicação no secretariado executivo:
O/a secretário(a) muitas vezes atua como mediador
em divergências entre setores ou na organização de reuniões decisivas.
Exemplo prático:
Em uma disputa sobre uso de orçamento, o secretário
pode facilitar a conversa perguntando: “Quais são as necessidades principais
de cada setor nesse momento?” e registrar consensos.
Capítulo
12 – O papel da CNV nas estruturas sociais
Resumo:
O autor amplia a aplicação da CNV para contextos sociais, educacionais e
organizacionais, mostrando como pode transformar relações de poder e cultura
institucional.
Aplicação no secretariado executivo:
Na função estratégica, o profissional pode aplicar
a CNV para melhorar a cultura organizacional, propondo práticas de comunicação
mais colaborativas.
Exemplo prático:
Implantar um manual de comunicação interna ou
oficinas de CNV para equipes administrativas, reduzindo ruídos e fortalecendo
relações no ambiente de trabalho.
Capítulo
13 – A CNV no mundo
Resumo:
Rosenberg apresenta experiências internacionais de uso da CNV, mostrando seu
potencial de transformar sociedades e ambientes de conflito.
Aplicação no secretariado executivo:
A profissão, por estar em contato com diferentes
culturas e contextos organizacionais, pode adotar a CNV como ferramenta de
integração e diversidade.
Exemplo prático:
Ao receber delegações estrangeiras, o secretário
pode usar CNV para lidar com diferenças culturais, focando em necessidades e
não em julgamentos.
Conclusão
geral:
O livro mostra que a CNV é mais do que uma técnica
— é uma filosofia de vida. Para o secretariado executivo, representa um
diferencial estratégico: melhora relacionamentos, aumenta a produtividade,
fortalece a imagem profissional e contribui para um ambiente organizacional
mais humano.



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