quinta-feira, 3 de maio de 2018

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: COMO CONTROLAR A IRA NO TRABALHO





Que as emoções tem memória nós já sabemos, mas será que realmente temos ciência do quanto essa memória é intensa e o quanto uma memória emocional negativa pode prejudicar nossa imagem profissional?
As vezes nos pegamos em um momento de estresse e ficamos suscetíveis a entrar em estado de ira, emitindo emoções de irritabilidade, raiva, tensão, aborrecimentos, frustração, rancor, ódio, fúria. (todos pertencentes a família da ira. Portanto, quando falarmos de ira, referiremos a qualquer uma das emoções acima citadas).
O fato é que, nestes momentos, somos dominados por um sentimento egoísta a ponto de não nos preocuparmos com o outro. De que forma o outro receberá o meu insulto? o que isso pode ocasionar tanto na memória dele quanto na dissintonia de nosso relacionamento?
Além disso, esse tipo de emoção provoca em nós uma visão míope da marca que representamos (nosso nome), pois em momentos como este perdemos o discernimento de analisar o quanto que tal ação pode manchar nosso nome, nosso marca, nosso posicionamento. Não temos a capacidade de antever o processo reflexivo que pode haver.
Um estado de ira, tem implicações tanto psicológicas como falamos até o momento, quanto implicações fisiológicas, já que nosso corpo emite descargas hormonais que são ativadas em excesso em momentos como este. Esta descarga descontrolada proveniente da emoção de qualquer família da ira, pode desencadear doenças como comprovam alguns pesquisadores no assunto. Porém, o objetivo deste artigo é chamar a atenção dos profissionais de qualquer atividade para a importância da consciência de si mesmo e do autocontrole de suas emoções.
Como já falamos ao entrarmos em estado de ira, podemos causar marcas na memória emocional do outro. E estas por sua vez, podem ser intensas e até irrevogáveis e ainda podem prejudicar nossa marca profissional. Portanto, ao se deparar em um estado de ira, conscientize-se dos respingos que essa atitude pode causar.
Sabemos que é difícil, mas o primeiro passo é a consciência. Então, como já mencionei no artigo que escrevi de título “Dicas Simples de como lidar com o conflito intrapessoal e desenvolver a inteligência emocional”, simplifico aqui, algumas dicas de como controlar a sua própria ira.
1 – Observe-se:
Detecte o como, o quê ou quando seu estado de ira é ativado.
Como falei, a consciência do estado de ira é o primeiro passo para controlar suas próprias emoções, adquirir inteligência emocional. Para isso, é importante saber como a ira é estimulada e expressada. É claro que cada um de nós possui uma forma particular de se estimular e externalizar a ira. E a respeito deste último, trago um conteúdo de meu mestrado que achei bastante rico e agregador aos meus leitores, onde mostra, com base nos estudos de um dos grandes pesquisadores no assunto, Contreras Flores, Victoria (2005), que as emoções possuem um padrão de expressividade.
Saibam que a ira é expressa na face normalmente com os dentes trincados, sobrancelhas descendentes, nariz com as abas elevadas, lábios abertos e esticados com movimentos laterais. Quanto ao corpo, ela é expressada normalmente por punho enrijecidos e fechados, algumas pessoas ficam avermelhadas do rosto ao pescoço, pode haver movimento excessivo das mãos.
Quanto mais observador de si mesmo você for, mas chances terá de controlar a si mesmo.
2 – Registre sua conduta diante da ira:
Não podemos confiar em nossa memória. Registrar nossa conduta é o próximo passo para emitirmos uma autocrítica, aumentarmos o estado de consciência e conhecermos melhor a si mesmo.
Tudo isso, irá contribuir para subsidiar novas estratégias de conduta diante de um estado de ira.
Pense de forma racional e não emocional. Eu sei que você deve estar se perguntando – “Como vou ter a capacidade e a frieza de escrever a conduta que tenho diante de um estado de ira se se trata de um momento de muito fervor emocional?” – E eu lhes digo: “Como você será capaz de mudar se não mergulhar dentro de si mesmo?”, “Como será capaz de traçar estratégias de mudança se em um momento de calor emocional no estado de ira, você pode deixar passar alguma informação importante e que talvez não lembre com o passar do tempo?”. Portanto, registre sua conduta quando estiver esfriado a cabeça após o seu estado de ira.
É importante avaliar com que frequência você emite estado de ira?, qual é o grau de intensidade de sua conduta?, quanto tempo leva para voltar ao normal, se o estado de ira o direciona para um estado agressivo?, quanto que sua conduta compromete a relação em seu ambiente de trabalho e pode representar uma barreira para galgar outros voos profissionais?
3 – Saiba usar o “time out”:
Agora que você já é consciente de si mesmo, mas ainda não sabe como controlar sua ira, a técnica do “time out” é infalível, pois contribui para o momento de reflexão, conduzindo-o ao controle.
Imagine que você já fez o passo 1 e 2, mas esta entrando em um estado de ira com uma colega de trabalho que discorda sobre algum projeto que está desenvolvendo. Diga a si mesmo: “Estou em estado de ira e quero um tempo para refletir”. Depois vá para ação e peça um tempo a sua colega. Diga que não está em um bom momento para discutir o projeto. Dê uma desculpa qualquer e saia de cena!
Depois com a cabeça fria, retorne e fale sobre o que lhe desagradou e volte a falar sobre o projeto.
A técnica “time out” ajuda na reconstrução da confiança no relacionamento, mas deve vir agregada de dialogo construtivo e oportuno.
Agora, para fechar esse artigo e influí-lo na importância do controle de sua própria ira, quero que desperdice um pouco de seu tempo para refletir sobre a Metáfora do Prego:
“Havia, uma vez, um menino que sempre estava mal-humorado e de mau gênio. Quando se zangava, deixava-se levar pela ira e dizia e fazia coisas que feriam as pessoas mais próximas. Um dia, seu pai dei-lhe uma bolsa cheia de pregos e disse que, cada vez que tivesse um ataque de ira, cravasse na porta de seu quarto um prego. No primeiro dia, cravou trinta e sete. No transcurso das semanas seguintes, o número de pregos foi diminuindo. Pouco a pouco, foi descobrindo que era mais fácil controlar a ira que enfiar pregos naquela porta de madeira maciça. Finalmente, chegou um dia em que o menino não teve que cravar nenhum prego. Disse isso a seu pai e este sugeriu que, a cada dia em que não se irritasse, poderia desencravar um prego da porta.
Passou o tempo e, um dia, o menino disse a seu pai que tinha arrancado todos os pregos. Então o pai agarrou a mão do menino, levou-o até a porta do quarto e disse:
- Filho, você tem feito muito bem, mas olhe os buracos que ficaram na porta. Quando uma pessoa deixa-se levar pela ira, suas palavras deixam cicatrizes como essas. Uma ferida verbal pode fazer tanto dano quanto uma ferida física. A ira deixa sinais. Não esqueça nunca.” (Soler e Conangla, Livro L’Ecologia Emocional L´art de transformar positivament les emocions; 2004)
Reflita sobre isso e boa sorte!!!


Autor: Deise Machado