quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Debate global: a função do secretário está sendo substituída pela IA?

 




Por ACIMARLEIA FREITAS


Nos últimos anos, o avanço da Inteligência Artificial (IA) tem alimentado uma discussão cada vez mais intensa: o papel do secretário está em risco de extinção? Empresas de grande porte, vêm investindo em automação de processos, chatbots e softwares de agendamento que prometem substituir parte das tarefas tradicionalmente desempenhadas por profissionais de secretariado.

De fato, atividades repetitivas, como organização de agendas, respostas a e-mails padronizados e gestão básica de documentos, já podem ser executadas com relativa eficiência por sistemas de IA. Isso desperta preocupações legítimas quanto ao futuro da profissão. Entretanto, limitar a análise a essa perspectiva seria ignorar a essência do trabalho secretarial.

O que diferencia um secretário ou assistente executivo não é apenas a capacidade de executar rotinas administrativas, mas a habilidade estratégica de interpretar contextos, mediar relacionamentos, antecipar riscos e apoiar a tomada de decisões. São funções que exigem inteligência emocional, empatia, visão crítica e uma compreensão profunda das dinâmicas organizacionais — dimensões que a IA ainda não é capaz de replicar.

Especialistas em gestão destacam que a profissão não está em extinção, mas em transformação. O secretário contemporâneo deixa de ser apenas o guardião da agenda para se tornar um elo estratégico entre gestores, equipes e stakeholders. Nesse cenário, a tecnologia não substitui, mas potencializa a atuação do profissional, liberando tempo para que este se concentre em funções de maior valor agregado.

O verdadeiro risco, portanto, não é a substituição pelo robô, mas a falta de adaptação. Profissionais que resistirem ao uso de ferramentas digitais ou não desenvolverem competências interpessoais mais complexas podem, de fato, perder espaço. Já aqueles que abraçarem a inovação e se posicionarem como gestores de processos, mediadores e apoiadores estratégicos da liderança, tendem a ganhar ainda mais relevância.

O debate global não deve ser interpretado como uma sentença de morte para a profissão, mas como um chamado à evolução. A IA é poderosa, mas ainda carece da sensibilidade humana. Cabe aos secretários modernos ocupar esse espaço singular, unindo tecnologia e inteligência emocional, para reafirmar seu papel indispensável nas organizações do futuro.