Por ACIMARLEIA FREITAS
Há alguns dias eu postei: O Diabo Veste Prada e a
Perspectiva do Secretariado Executivo. Hoje volto a falar novamente sobre esse
filme, que considero um ótimo filme. No outro poste, eu enfatizava a questão
como
uma metáfora do cotidiano do profissional de Assistente e Secretariado
Executivo que exige organização, discrição, adaptabilidade e capacidade de
gerir múltiplas tarefas sob pressão. Mais do que uma história sobre moda, o
filme revela que o sucesso de um gestor depende fortemente da competência e da
inteligência emocional de quem está nos bastidores — exatamente o papel
estratégico do Secretário Executivo. Hoje apresento:
O Diabo é… tóxico?
Em O Diabo Veste Prada, a figura de Miranda
Priestly extrapola a ideia de uma chefe exigente. O “diabo” não é a moda, nem
apenas Miranda, mas sim um sistema de trabalho que normaliza jornadas
desumanas, pressões constantes e a ausência de limites entre vida pessoal e
profissional. O ambiente retratado na revista Runway é competitivo,
individualista e alimenta o medo como ferramenta de gestão — elementos típicos
de uma cultura organizacional tóxica.
Miranda é uma boa chefe?
Essa é a questão central. Miranda é competente,
visionária e reconhecida no mercado — qualidades de uma liderança forte. Porém,
sua forma de comandar é baseada em autoritarismo e no silêncio imposto: ninguém
questiona, todos obedecem. Ela entrega resultados, mas ao custo da saúde
emocional da equipe. Assim, podemos dizer que Miranda é uma excelente
profissional, mas uma chefe que falha no aspecto humano da liderança. O preço
do sucesso, nesse modelo, é o esgotamento de quem a cerca.
Favoritismo no trabalho
O favoritismo também aparece como mecanismo de
controle. Miranda alimenta disputas internas, fazendo com que os assistentes se
sintam constantemente substituíveis. Essa estratégia reforça a hierarquia, mas
mina a cooperação. Em ambientes tóxicos, o favoritismo não é sinal de
reconhecimento, mas sim de manipulação para manter todos em alerta.
Machismo?
Embora o filme tenha como protagonistas mulheres
poderosas, ele não escapa da crítica ao machismo estrutural. Miranda, para se
manter no topo, adota posturas duras e impiedosas, muitas vezes reproduzindo
comportamentos historicamente associados à liderança masculina. Além disso, a
narrativa sugere que uma mulher bem-sucedida precisa sacrificar vida pessoal e
afetos — um dilema raramente colocado com a mesma intensidade para personagens
masculinos. Nesse sentido, O Diabo Veste Prada escancara como o mercado
cobra das mulheres um padrão quase impossível: serem impecáveis, incansáveis e,
ainda assim, criticadas por isso.
Conclusão:
O Diabo Veste Prada é mais
do que uma história sobre moda. É uma metáfora poderosa sobre ambientes de
trabalho tóxicos, liderança autoritária, favoritismo como mecanismo de opressão
e a pressão extra que o machismo impõe às mulheres. O filme nos convida a
refletir: resultados a qualquer custo realmente valem a perda de saúde, de
identidade e de relações?