O bullying corporativo — ou assédio moral organizacional — é uma prática reiterada de humilhação, hostilidade ou exclusão que se manifesta nas relações de trabalho, afetando profundamente a saúde mental, o desempenho e a dignidade dos profissionais. No contexto do Secretariado Executivo, esse fenômeno ganha contornos ainda mais sensíveis, dada a natureza da função, que exige discrição, múltiplas responsabilidades e constante interação com diferentes níveis hierárquicos.
Com frequência, o(a) profissional de secretariado se encontra em uma posição estratégica, porém vulnerável: atua diretamente junto à alta gestão, lida com informações sensíveis e, muitas vezes, é o elo entre diversos setores da organização. Esse papel de confiança pode, por um lado, torná-lo alvo de pressões indevidas, sobrecarga de trabalho ou isolamento profissional; por outro, pode colocá-lo em situações de testemunho ou mediação de comportamentos abusivos.
De acordo com Hirigoyen (2002), o assédio moral se caracteriza por ações contínuas e repetidas que desestabilizam emocionalmente a vítima, minando sua autoconfiança e autoestima. No caso do secretariado, essas ações podem se manifestar por meio de desqualificação das competências, invisibilização das contribuições, exclusão de reuniões importantes, cobranças excessivas sem critérios objetivos ou, ainda, através da instrumentalização da função para fins pessoais de chefias abusivas.
É fundamental, portanto, que os(as) secretários(as) executivos(as) sejam reconhecidos não apenas como potenciais vítimas, mas também como agentes estratégicos na construção de ambientes organizacionais saudáveis. Sua atuação ética, seu posicionamento imparcial e sua habilidade de comunicação tornam-nos peças-chave na mediação de conflitos, na promoção do respeito mútuo e na identificação de práticas nocivas à cultura institucional.
O combate ao bullying corporativo no âmbito do secretariado passa, necessariamente, pela valorização da profissão, capacitação contínua e fortalecimento da identidade profissional. Também requer o apoio de políticas institucionais que promovam canais de denúncia confiáveis, código de conduta claro e ações educativas que envolvam toda a equipe.
Ao promover um ambiente de trabalho respeitoso, transparente e colaborativo, o profissional de secretariado executivo contribui não apenas para a sua própria proteção, mas também para o fortalecimento da ética e da dignidade nas relações organizacionais.
Referência
HIRIGOYEN, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. 12. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.