Há muita
discussão sobre liberdade de acesso às redes sociais durante o trabalho. Alguns
entendem que esta é uma forma prática de valorizar o trabalhador, pois, entre
os benefícios ofertados pela empresa estaria o acesso livre às redes sociais.
Outras já entendem que o controle e a proibição são os melhores caminhos, pois
este acesso afeta a produtividade. Ambas as ações dependem muito da maturidade
do grupo de trabalhadores, do controle sobre resultados de cada trabalhador e a
política de Gestão de Pessoas da organização.
Em organizações
modernas, cuja atividade permite liberdade ao trabalhador para organizar suas
atividades, fica mais fácil deixar por conta dele mesmo a decisão de entrar ou
não nas redes sociais durante o trabalho. Alguns até usam a rede como
ferramenta de trabalho para divulgar seu trabalho, vender algo ou contatar
profissionais de interesse para a atividade. Algo que é preciso destacar, é que
esse tipo de organização costuma ser muito eficaz nos controles de resultados.
Em outras palavras: “não importa o que o trabalhador esteja fazendo ou como
realiza seu trabalho, o que importa é o resultado que oferta no dia e horários
combinados!”. Portanto, se não produzir o que se espera, não continuará na
organização, mas, se produzir, será valorizado.
Mesmo empresas
tradicionais, podem dar liberdade para uso das redes sociais, mas, da mesma
forma que acontece nas organizações contemporâneas, há de se ter um controle
eficiente sobre a produtividade, transferindo ao trabalhador a responsabilidade
de organizar suas atividades. A produtividade, que envolve basicamente
quantidade e qualidade do que se produz, deve ser item de peso na Avaliação de
Desempenho. Assim, pode-se tirar o foco no uso ou não das redes sociais durante
o trabalho e transferir este foco para resultados. Talvez o que mais atrapalhe
em boa parte das organizações é o “achismo”, ou seja, achar que o trabalhador
não rende porque vez ou outra entra no Facebook. Não se deve intuir que
esteja ocorrendo um mau desempenho, é preciso ser mais objetivo e responder
questões como: Esta atitude está ou não atrapalhando o rendimento do
trabalhador? Quanto e em que quesito exatamente? Comparado a outro que não
costuma acessar as redes sociais, o trabalhador em questão está produzindo
menos, igual ou mais que o outro? As respostas a estes questionamentos podem
ajudam a entender se o acesso às redes sociais afetam ou não o atingimento do
que foi planejado.
Já o controle e
a proibição são formas práticas de dar recado aos trabalhadores sobre o que a
organização não aceita. No entanto, com o uso dos smartphones e outros tipos de
equipamentos que permitem acesso às redes sociais, fica difícil o controle
absoluto sobre esta ação. Em algumas organizações, trabalhadores simulam ida ao
banheiro somente para entrar na rede social.
Não há uma
resposta pronta para tudo isso. Mas, dentro das propostas existentes, a
organização pode, por exemplo: a) melhorar seus sistemas de controle sobre
produtividade de cada trabalhador, tornando este um sistema prático e objetivo,
evitando-se assim, equívocos de julgamento, por conta de acesso a redes sociais
ou outros comportamentos semelhantes que também tomam certo tempo, como tomar
um cafezinho um pouco mais demorado ou dialogar sobre assuntos diversos com
colegas de trabalho; b) inserir na Avaliação de Desempenho (ou adotar Avaliação
de Desempenho se ainda não tiver) a produtividade como importante para
permanência ou promoção do trabalhador na organização; c) realizar campanhas
internas, para incentivar o uso consciente das redes sociais.
Já ao
trabalhador, a este sim cabe toda responsabilidade. Ele deve ser o primeiro a
ter consciência de que as redes sociais são frutos da modernidade, frutos da
evolução do sistema de comunicação, e representa um novo jeito de interagir com
outras pessoas. E isso é bom. Mas, também, tem poder viciante. Ou seja, tal
como o cigarro, as drogas ou as bebidas alcoólicas podem viciar, é possível
viciar também no acesso às redes sociais. E o pior, um viciado não mede
consequências para ter acesso ao que deseja e, querer acessar a rede social
para alguns, já é algo que ultrapassou o limite da racionalidade.
Seria algo mais
ou menos assim: o líder de determinada área diz a um trabalhador contumaz no
uso do smartphone para acesso às redes, que já tenha sido advertido diversas
vezes sobre a interferência desta atitude em sua produção; o seguinte: “se eu
ver você utilizando seu celular durante o horário de trabalho, conectado em
alguma rede social, mais uma vez, serei obrigado a lhe demitir.” E minutos
depois deste alerta, este mesmo trabalhador é visto de cabeça baixa, teclando
em seu celular no seu espaço de trabalho, como se não tivesse sido alertado. A
demissão neste caso seria uma consequência natural de alguém que já está muito
viciado no uso das redes sociais. Quem age assim, certamente não está
utilizando esta nova forma de conectar-se ao mundo de forma consciente e
salutar.
O trabalhador
que tem projeto de vida e de carreira está conectado nas redes sociais, está
atualizado tecnologicamente, sabe usar com sabedoria esta nova forma de
comunicação, usa-a para divertir-se, informar-se, conhecer novas pessoas. Utiliza
as redes sociais tanto por interesse particular como profissional, inclusive,
para agilizar seus projetos, o que inclui desde a discussão da pauta da próxima
reunião até a organização de um churrasco na casa de um amigo. Sabe como,
quando e quanto deve utilizar as redes sociais no ambiente de trabalho, de
forma equilibrada, prazerosa e produtiva. Equilíbrio talvez seja a palavra mais
adequada para definir a melhor estratégia para uso das redes sociais no
ambiente de trabalho.
Enfim, a todos
os que usam de maneira saudável e àqueles que vão rever os exageros no uso das
redes sociais, deixo aqui o meu abraço. E, espero que tenha curtido este
artigo.
http://territoriohumano.com.br/tecnololgia/redes-sociais-e-rendimento-no-trabalho-e-preciso-atencao/