Estamos todos conectados. De uma forma física, eu quero
dizer. A internet possibilitou encurtar tempo e espaço que conhecíamos como
“real”. Algo que você diz aqui no Brasil pode ser lido por alguém no Japão no
segundo em que algum conteúdo foi postado online. Isso todo mundo já está
cansado de saber, mas mesmo assim insistem em falar mal das redes sociais e
afirmar como a vida era melhor antes Facebook. Casais se separam por causa do
Whatsapp, a inveja da vida alheia começa a parecer algo comum e a ideia de que
não estamos vivendo algo real nos apavora. E adivinha? Mesmo assim continuamos
postando nossas fotos no Instagram com um filtro legal pra dizer onde
estávamos.
Falar mal dessas redes sociais é uma forma de não saber
lidar com essa nova forma de se comunicar. Achar que uma realidade virtual é
menos real do que a fora do mundo online pode ser uma ilusão, porque não é como
um sonho em que você vive certas coisas e depois elas não existem mais. Nas
redes sociais a vida continua bem viva e é possível trocar ideias, manter
contato com velhos amigos e se apaixonar perdidamente. Se isso é irreal, então
não sei o que é real. Vivem nos dizendo que temos que aproveitar mais a nossa
vida off-line, mas acho que a gente já aproveita a nossa vida off-line quando
tá a fim. Às vezes, a discussão no Facebook tá realmente mais interessante do
que o papo furado da mesa. Vai saber...
As redes sociais são apenas novas formas de comunicação,
que, claro, estão transformando o mundo e nossas relações. Mas nós as criamos.
Nós é que temos a capacidade e o poder de decidir quando podemos ficar online.
Nossos smartphones são realmente uma forma de dividir esse tempo, mas eu não
considero isso uma coisa ruim. E alguns vão dizer: “a parte ruim é que a pessoa
está lá, mas ao mesmo não está lá. Ela está conversando com outra pessoa pelo
whatsapp e não com quem está na sua frente”. De fato isso acontece, mas cabe a
ela saber o momento de dividir a atenção. Ela pode estar com você e
compartilhando esse momento com outra pessoa, fazendo com que a outra pessoa
também faça parte do momento. E isso é mágico. É como se a gente tivesse
superado os limites da distância. Essa comunicação à distância nunca vai ser o
necessário para matar a saudade, mas ajuda bastante. É uma bobagem achar que a
gente vai se acostumar com isso e que as relações vão ficar mais frias. Nós é
que devemos criar os limites, porque somos nós que nos comunicamos e nós que
usamos todas essas ferramentas online.
Talvez a gente esteja só com medo do que essa nova forma de
comunicação pode nos causar. É um novo espaço para nos comunicarmos e criamos
ideias a partir daí. Estamos apenas facilitando a vida. Não há nada de irreal
na vida online, por mais que afirmem que todo mundo posta só coisas boas, que
querem passar a ideia de uma falsa vida e que ninguém é tão feliz assim. Mas,
por que as pessoas vão postar sobre as coisas ruins? Talvez uma pessoa querendo
mostrar uma vida incrível pelas redes sociais tenha realmente uma vida incrível
ou pode estar com a autoestima tão baixa que precisa de atenção constantemente.
Mas ela daria um jeito de conseguir isso mesmo fora do Instagram. Talvez
fulaninho não esteja postando uma foto para mostrar que a vida dele é melhor do
que a sua, mas para simplesmente compartilhar um momento com os amigos, para
que, de certa forma, todos estejam conectados. Agora, você tem a capacidade de
saber onde as pessoas que você conhece estão, ou o que estão fazendo. A gente
pode não falar com uma pessoas há séculos, mas sabe que ela teve neném
recentemente e está feliz. Descobre que o outro amigo foi promovido, o outro
encontrou o amor da vida. Às vezes, a gente nem conhece a pessoa direito, mas
curte um monte de coisas engraçadas que ela posta. Você se sente mais perto de
todo mundo. Agora é possível ter uma visão geral do que está acontecendo. E
algumas pessoas vão dizer que isso é ruim, porque a gente deveria estar vivendo
a própria vida. Mas, sabe, uma coisa não exclui a outra. O fato de você saber o
que fulaninho está fazendo não deveria interferir na sua vida de uma forma
ruim. Se interfere, a culpa não é das mídias sociais.
Essa nova forma de comunicação é apenas uma expansão dos
nossos conhecimentos e da nossa vivência. É um novo jeito de compartilhar tudo
isso e receber mais informação em troca. A gente ainda está meio perdido, mas
muita gente já criou várias coisas bacanas por causa dessa troca que a Internet
nos proporciona. A gente deve encontrar formas de encaixar essa vida virtual na
nossa vida off-line e construir ideias que vão além disso. Devemos olhar para
as mídias sociais como uma ferramenta e não como algo que nos aliena do mundo
real ou que nos distancia das pessoas. É justamente ao contrário. Precisamos
agregar. Nunca na história da humanidade tivemos tantas oportunidades
escancaradas a nossa frente. Isso assusta, mas ao mesmo tempo é o que temos de
mais valioso na nossa geração. Vamos olhar para essas novas formas de
comunicação como uma opção e não como um fardo da humanidade egoísta e
mesquinha. Tudo que você postar ali, vai começar a fazer parte da história do
mundo. Cada um usa a ferramenta da forma que lhe convém. Faça bom uso das redes
sociais.
© obvious: http://lounge.obviousmag.org/de_repente_da_certo/2015/01/nao-ha-nada-de-errado-com-as-redes-sociais.html#ixzz3QDiTlp9l
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