São 17h30mim. Érika está voltando para casa após um longo
dia de trabalho. No ônibus ela lembra que se esqueceu - mais uma vez - de
preparar e enviar o relatório semanal para outra área - o seu cliente interno.
A sua primeira reação é de incômodo. Após alguns minutos
chateada, ela pensa:
- "Não tem problema, amanhã eu envio. Eles nunca leem este relatório
mesmo".
Já reparou que muitas pessoas banalizam os seus erros? Por
que isso acontece? Poderíamos pensar em inúmeros fatores para responder a esta
questão. Elenco dois que considero extremamente importantes:
- Diminuímos a importância do nosso erro para não sermos
protagonistas do problema.
- Atingimos um nível tão baixo de motivação, ficamos estressados ou não
conseguimos lidar com a sobrecarga de trabalho que começamos a não nos importar
mais com algo que nos incomodava no passado.
Claro que ter uma reação positiva perante um erro é
fundamental. O desespero limita nossa capacidade de agir de forma assertiva.
Entretanto, isso é diferente de não dar a real importância para o que acontece
a nossa volta.
Érika não pode se acostumar a cometer erros e precisa
assumir com maturidade o problema, tomando as medidas necessárias para
resolvê-lo. Para isso, será importante que ela reflita sobre alguns pontos
muito importantes:
- "Quais os motivos da minha baixa motivação e que fazem com que eu não me
importe mais com os erros que cometo"?
- "Por que e quando o meu trabalho tornou-se irrelevante para o meu
cliente"?
- "O que eu posso fazer para me sentir mais útil na empresa em que
atuo"?
São questões de sobrevivência como essas que ela precisará
responder caso deseje aumentar a sua permanência na empresa em que atua.
O professor Cal Newport, da Universidade de Georgetown e
autor do livro So Good They Can´t Ignore You (Tão bom que não poderão
ignorá-lo) aconselha que as pessoas desenvolvam habilidades raras e valiosas em
seu trabalho, com estudo, disciplina e repetição. Para ele, são essas
habilidades que permitirão definir os termos da carreira, dando controle e
autonomia a um profissional e fazendo com que ele encontre sua paixão e
satisfação.
Mas infelizmente, o que vemos hoje em muitas organizações,
são pessoas extremamente insatisfeitas e desmotivadas, que praticamente
"se arrastam" para chegar ao trabalho e, antes das 8h30mim, já
demonstram pouca disposição para encarar o longo dia pela frente. Quando
perguntadas sobre o futuro, algumas chegam a dizer: "Quando me
aposentar farei o que eu realmente gosto, enquanto isso, vou levando".
O problema é que acabam não fazendo nenhuma das duas coisas
bem feitas: não se dedicam onde estão e apenas sonham com o que poderiam estar
fazendo. E assim vão se acomodando em seus empregos. Realizam um trabalho
mediano, demonstram pouco comprometimento e cometem erros que, para elas, não
têm importância alguma.
Entretanto, o que essas pessoas muitas vezes não sabem é
que, se estivessem mais comprometidas com as atividades que realizam, buscando
adquirir diariamente novos conhecimentos, não estariam tão desmotivadas.
Provavelmente teriam mais controle sobre a sua carreira e ganhariam mais
autoconfiança.
A autoconfiança faz com que encaremos os nossos erros com
maturidade, entendendo o que aconteceu, protagonizando a resolução do problema
e evitando que a mesma adversidade ocorra novamente. Mas para isso, não podemos
apenas nos designar a trabalhar. É importante que nos dediquemos realmente ao
nosso trabalho.
Como diz Newport: "o que importa não é achar o
emprego certo, e sim descobrir como você pode ser muito bom em qualquer
emprego".
E para sermos bons em qualquer emprego, precisamos
desenvolver a maturidade profissional, encarando os erros como uma fonte de
aprendizado e não algo que devemos esconder ou banalizar.
Lembre-se: fingir que um erro não existe, achar que ele é
normal ou encontrar culpados e desculpas não nos tornará pessoas e
profissionais melhores. Banalizar um erro ou torná-lo menor do que ele
realmente é só adiará o nosso processo de crescimento.