Estar presente nas redes sociais é uma necessidade para as
bibliotecas universitárias. Por meio delas os serviços, produtos, treinamentos
e conteúdos se tornam conhecidos pelo público, mas ainda há muito que aprender
sobre o uso das redes sociais. É o que constata a bibliotecária e pesquisadora
Giseli Adornato de Aguiar em pesquisa realizada na Escola de Comunicações e
Artes (ECA) da USP. A partir de seu trabalho, ela pôde perceber que não há uma
base teórica sólida que dê respaldo aos responsáveis pelas redes sociais das
bibliotecas: eles convivem com incertezas sobre o alcance daquilo que veiculam,
assim como ainda têm dúvidas sobre o que pode ser veiculado.
A dissertação de mestrado Uso das ferramentas de redes
sociais em bibliotecas universitárias: um estudo exploratório na Unesp, Unicamp
e USP, desenvolvida na ECA, com orientação de José Fernando Modesto da Silva,
foi vencedora do “XI Prêmio de Biblioteconomia Paulista Laura Russo”, na
categoria “Trabalhos Acadêmicos – Mestrado” do Conselho Regional de
Biblioteconomia do Estado de São Paulo (CRB-8).
Dentre as 101 bibliotecas de unidades das três Universidades
públicas mais importantes de São Paulo — sendo 46 da USP, 30 da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) e 25 da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) —
49,5% usam frequentemente as redes sociais. As mais usadas são o Facebook,
Twitter e Blog. O objetivo da pesquisa foi avaliar a contribuição dessas redes
para as bibliotecas.
O conteúdo divulgado varia entre informações sobre a
biblioteca, novas aquisições, tutoriais de produtos disponibilizados e
informações importantes para o público-alvo. O conteúdo selecionado é pensado
de acordo com a área de conhecimento da faculdade e de acordo com a ferramenta
usada. Também servem como um canal de comunicação: tornam possível a divulgação
de treinamentos, aumentando seu público.
Foi identificado que as redes ajudam a atrair as pessoas que
têm as características da chamada geração y, que valoriza o uso da tecnologia
para usar a biblioteca, seja online ou no seu espaço físico. O usuário não
precisa, necessariamente, se dirigir à biblioteca, ele pode ser atendido
remotamente e consultar as informações que necessita pelas redes sociais.
Desafios e Benefícios
Alguns dos desafios identificados pela pesquisa são a falta
de recursos humanos (que, no caso, seria a disponibilidade de um profissional
para implantar e atualizar essas ferramentas), de planejamento de conteúdos e
muitas questões ainda sem respostas.
“A utilização das redes sociais ainda é recente, falta uma
política e um planejamento, o que requer um aprendizado baseado nos erros e
acertos decorrentes de seu uso e gera muitas dúvidas. Os responsáveis acreditam
no uso e na importância dessas ferramentas, mas apresentam incertezas e
inseguranças à respeito do uso que está sendo feito delas”, explica a
pesquisadora.
Qual linguagem utilizar? Quais conteúdos disponibilizar?
Como manter a atenção do usuário? Como avaliar e mensurar o sucesso das redes?
Essas perguntas são frequentes na cabeça dos responsáveis pelas redes sociais,
que ainda sofrem com a falta de base teórica na área ao lidar com o assunto,
assim como maneiras de mensurar o alcance dos conteúdos de modo mais eficiente.
No entanto, o uso das redes sociais é responsável pela
ampliação de acessos aos conteúdos da biblioteca. Os internautas veem as redes
sociais como um meio menos formal para se obtiver informações, além de haver a
possibilidade de interação, divulgação dos serviços e criação de conteúdos.
Ainda que as redes sociais sejam usadas, os responsáveis por
elas ainda não são capazes de usar todo o potencial dos recursos, sendo que a
divulgação de conteúdos é privilegiada em detrimento da interação. “As redes
sociais não são apenas uma ferramenta de divulgação, elas têm que oferecer
espaços de participação, colaboração e a possibilidade de um diálogo entre a
biblioteca e seus usuários, e vice-versa”, explica Giseli.
O trabalho dá um norte para o uso das redes e busca
incentivar outras bibliotecas a entrarem nesse mundo virtual. A biblioteca, ao
aprimorar a divulgação de seus serviços, traz melhorias para a sociedade. A
disponibilização dos conteúdos expande o universo cultural e aumenta o acesso.