Existe outra forma de comunicação que também é algo para se
pensar: é um assombro.
Dia desses, ouvi um papo mais ou menos assim:
Locutora: "Ana porque voceis num veio onte?"
Ana: "As menina queria vim prá cá cumigo e eu inté quiria vim também, mais sacumé, né!"
Ana: "As menina queria vim prá cá cumigo e eu inté quiria vim também, mais sacumé, né!"
Claro que este é um estereótipo no qual se chega à
“incontabilidade” dos erros de português, e, ainda assim, as pessoas se entendem: falam
mal, mas se comunicam. Entretanto, se o assunto for um pouco mais
complexo, as chances de ruído na comunicação serão grandes.
A gravidade desse tipo de linguagem é tamanha que se chega
às raias do absurdo em se assistir às autoridades perceberem a ignorância de
seus cidadãos e nada fazerem para auxiliá-los, sequer providenciam a melhoria
do ensino. Pior!!! Empurram a culpa para as administrações anteriores, e se
quedam inertes, deixando tudo do jeito que está.
A impressão que se tem é que estamos todos brincando de
"telefone sem fio": na passagem da mensagem, de uma pessoa para
outra, tudo é deturpado. Isso não se restringe a uma classe menos privilegiada:
falar, expressar-se mal, está em toda parte.
A internet é um foco permanente de uma comunicação ruim.
Adolescentes (que, por sinal, adoram simplificar tudo), estudantes de
faculdades, executivos, secretárias, não se esmeram na escrita nem na fala,
indo de encontro às regras gramaticais supostamente ensinadas na escola.
Será que tudo está fugindo ao controle?
A maioria dos segmentos se contenta em falar
amenidades. Nada, além disso, nas conversas. Essas amenidades fazem
você voltar para casa com a sensação de que o dia foi completamente
improdutivo, sem nenhum passo à frente.
A quantidade de informações se avoluma cada vez
mais: revistas, jornais, livros, internet, mídia...
Quando pequeno, lembro-me de ter visto alguns pescadores
puxando uma rede tipo “arrastão”. Fiquei impressionado com a quantidade
de coisas que havia na rede: águas-vivas, peixes pequenos e grandes, restos de
peixes desprezados por predadores, ostras, mariscos, bota suja, restos de linha
de pescar, camarões, garrafas, uma ou outra lagosta, plásticos diversos,
conchas inteiras e quebradas, estrelas do mar... O que mais me deixou perplexo
foi o tanto de lixo em meio a tudo isso. Foi de lá que tirei uma lição de
vida: em tudo que fazemos, a tendência é vir coisas boas e um grande número de
coisas sem utilidade ou qualificação. Aprende-se bastante com as informações,
mas é necessário filtrar o que chega até nós.
Assim, prendemo-nos a tantas amenidades que nos sobra pouco
tempo e espaço para fatos e conhecimentos mais nobres. Tudo se torna
superficial, inclusive as conversas.