Antes de começar a rascunhar este artigo, confesso a mim
mesmo e a você leitor que muito eu procrastinei, senti uma preguiça! Por hora,
surgiam compromissos de imediato e que não poderiam ser procrastinados. Tinham
de ser resolvidos o mais breve possível. Além disso, tive que relutar contra
mim mesmo se deveria ou não escrever sobre esse assunto "tão
manjado" sobre o qual muito se comenta e que poucos tomam alguma
postura frente a esse mal que destrói nossas vontades e até mesmo sonhos.
Falando em preguiça, eu comecei a esboçar este artigo em
plena segunda-feira, dia mundial dos preguiçosos. Juro que lutei contra minha
vontade de deixar para amanhã aquilo que eu poderia fazer depois de amanhã. Eu
poderia contar nos dedos, não fossem as inúmeras vezes que deixei para última
hora um trabalho de faculdade ou mesmo ter que estudar todo o conteúdo de um
semestre inteiro para uma prova final. Além disso, somos mestres em passarmos
noite adentro estudando, aproveitando as últimas horas antes da tal prova de
arrepiar. E num desses tropeços da vida, por pura procrastinação, é que aprendi
a praticar a tal lei do desapego e me ater no mal que arruinou muitos de meus
projetos e que dá nome a este artigo.
Afinal de contas, por que motivo procrastinamos tanto? A
resposta, embora simples e óbvia, já vem lá dos primórdios da história da
humanidade. Nosso corpo foi programado para economizar o máximo de energia
possível com o propósito de usá-la em momentos de perigo. Daí quem sabe surgiu
o hábito que assola boa parte da humanidade conhecido popularmente
como sedentarismo. Talvez esteja aí um indicador forte para uma das causas
da obesidade.
O cérebro é incrivelmente adaptável, inúmeras vezes um dos
motivos para tanta procrastinação é o medo do desconhecido, amamos a zona de
conforto, lá nos sentimos tão seguros quanto dentro de um abraço apertado.
Lutamos, galgamos cada degrau dessa longa escada de aprendizado em busca de
conforto, sombra e água fresca. Queremos mesmo é poupar energia, usá-la somente "se
necessária" e, é claro, se a preguiça não falar mais alto que nosso
próprio instinto de sobrevivência.
Não podemos esquecer que para chegar aonde realmente
queremos ou sonhamos temos que lutar e batalhar por cada meta estabelecida ou
imposta por nós mesmos, abdicar desses maus hábitos que funcionam como âncoras
em nossa vida, desapegar dessa tal procrastinação que nos toma tempo e acaba
muita vezes asfixiando nossos sonhos e projetos de vida.
Engraçado que ao mesmo tempo em que temos medo do
desconhecido o mesmo também nos instiga a sair do lugar, nos atrai, nos chama
atenção, nos envolve. O cérebro, conforme já falei aqui, é adaptável, o novo
pode nos assustar, causar certo desconforto, mas o mesmo causa também uma
sensação de liberdade que toma conta de nosso corpo, pulsa na veia e nos abre
os olhos para um novo horizonte a ser alcançado. A cada novo degrau galgado,
uma nova descoberta, um novo conforto. Assim é a vida, repleta sempre de novos
desafios.
O novo nos envolve e, aos poucos, vamos descobrindo seus mais
tenros segredos, pouco a pouco vamos nos tornando íntimos, criando empatia e
laços de um longo relacionamento. Quando piscamos os olhos numa fração de
segundo, nos damos conta de que o novo já não é mais tão novo assim. Esse é um
sinal enviado pelo nosso próprio cérebro, mostrando que o mesmo já se adaptou a
essa nova realidade.
Quando o cérebro se adapta ao novo, entramos na fase que
costumeiramente chamamos de "zona de conforto ou comodismo".
É nessa fase que entramos no tédio, onde as notas musicais entram em
descompasso com a melodia, as cores viram penumbra e a vida muitas vezes perde
a graça. O pior de tudo é que boa parte da sociedade sofre desse mal do século,
que aos poucos, se não nos atentarmos, pode evoluir para aquilo que os
psicólogos nomeiam como "depressão", um câncer da alma.
A procrastinação, assunto em pauta neste artigo, só é
saudável em momentos em que precisamos estar a sós com nossos próprios
pensamentos, reorganizá-los, separar o que é urgente, priorizar e dar
importância àquelas atitudes que nos faltam.
Procure adotar hábitos ou trabalhos de gestão e otimização
do tempo. Verás que inúmeras atividades que são deixadas de lado acabam
influenciando no resultado final, na meta não alcançada, no(a) namorado(a) não
conquistada(o), no sonho não realizado. Lembre-se de que tudo na vida tem seu
preço e que esse negócio de deixar para amanhã aquilo que podemos fazer depois
de manhã lhe poderá custar o tão sonhado cargo de trabalho.
Aposto que parte daqueles projetos idealizados no final do ano
passado já foram procrastinados e, se 50% deles forem realmente colocados em
prática, considere-se um vencedor. Nosso cérebro, na maior parte das vezes,
"mesmo que de forma inconsciente", é o maior sabotador de
nossos próprios objetivos. O dito cujo vive a nos falar às seguintes frases:
"não vai dar certo", "você já tentou", "desista, isso
não é pra você". Esses tipos de frases acabam nos desmotivando. Por
isso, temos que relutar, quebrar certos princípios e mudar nossos hábitos,
tentar quantas vezes for preciso. O tempo é escasso e não volta mais. Por isso,
jamais devemos deixar nossos sonhos para amanhã. Talvez, depois de amanhã não
tenhamos mais a oportunidade de concretizá-los.
Quero procrastinar em uma rede de praia depois de um almoço
gostoso de domingo, quero procrastinar na beira da praia apreciando o
horizonte, buscando motivos para tentar uma vez mais, quero procrastinar de
mãos dadas pensando em nossos futuros filhos, que por hora não é chegada a hora
de falarmos nisso... Procrastinar certas coisas é realmente saudável, porém
existe uma linha tênue que divide o saudável do doentio e nós seres altruístas
devemos ter claro em nossas mentes a divisão dessa linha, saber até onde
podemos ir sem prejudicar nossos sonhos.
Estabeleça metas, busque objetivos, não deixe sua mente
entrar na vala comum do sedentarismo e do tédio. Reaja! O que realmente
nos instiga a ir ainda mais longe é o novo, o desconhecido. O grande segredo
das pessoas bem sucedidas é o trabalho árduo, a dedicação, a luta incansável
contra a própria procrastinação.
Deu de ficar lutando contra o tempo. O mesmo, como bem
sabemos, é implacável e não voltará atrás para lhe trazer as mesmas
oportunidades. Seja a mulher de seus sonhos, o carro de sua vida ou a tão
sonhada promoção no serviço. A vida é agora, passado serve apenas como depósito
de lembranças e aprendizado. Futuro são sonhos e projetos rascunhados em uma
folha de papel. Adote atitudes impulsionadoras. Acerte nos prazos, não adie o
relógio. Vença o medo do amanhã e, acima de tudo, eduque seu cérebro com
atitudes e hábitos que edifiquem e agreguem valor a sua forma de ser e agir.
Que tal começar aquele seu projeto verão 2014? Se preferir
procrastinar, que tal começar o projeto Olimpíadas 2016? Lembre-se de que
tudo tem seu preço!
Eu convido você a refletir: que tal deixar para amanhã
aquilo que podemos deixar para lá?
(Isso vale para aquele cara de quem não vale mais a pena
correr atrás e nem mesmo dar uma nova chance).
http://administradores.com.br/artigos/cotidiano/a-incrivel-arte-de-procrastinar/75292/