A história da
Administração
A história da Administração iniciou-se num tempo
muito remoto, mais precisamente no ano 5.000 a .C, na Suméria, quando os
antigos sumerianos procuravam melhorar a maneira de resolver seus problemas
práticos, exercitando assim a arte de administrar.
Depois no Egito, Ptolomeu dimensionou um sistema econômico
planejado que não poderia ter-se operacionalizado sem uma administração
pública sistemática e organizada.
Em seguida, na China de 500 a.C, a necessidade de adotar um
sistema organizado de governo para o império, a Constituição de Chow, com
seus oito regulamentos e as Regras de Administração Pública de Confúcio
exemplificam a tentativa chinesa de definir regras e princípios de administração.
Apontam-se, ainda, outras raízes históricas. As
instituições otomanas, pela forma como eram administrados seus grandes
feudos. Os prelados católicos, já na Idade Média, destacando-se como
administradores natos. A Alemanha e a Áustria, de 1550 a 1700, através do
aparecimento de um grupo de professores e administradores públicos
chamados os fiscalistas ou cameralistas. Os mercantilistas ou fisiocratas
franceses, que valorizavam a riqueza física e o Estado, pois ao lado das
reformas fiscais preconizavam uma administração sistemática, especialmente
no setor público.
Na evolução histórica da administração duas instituições se
destacaram: a Igreja Católica Romana e as Organizações Militares.
A Igreja Católica Romana pode ser considerada a organização
formal mais eficiente da civilização ocidental. Através dos séculos vem
mostrando e provando a força de atração de seus objetivos, a eficácia de
suas técnicas organizacionais e administrativas, espalhando-se por todo
mundo e exercendo influência, inclusive sobre os comportamentos das
pessoas, seus fiéis.
As Organizações Militares evoluíram das displicentes ordens
dos cavaleiros medievais e dos exércitos mercenários dos séculos XVII e
XVIII até os tempos modernos com uma hierarquia de poder rígida e adoção
de princípios e práticas administrativas comuns a todas empresas da
atualidade.
A revolução
industrial
O fenômeno que provocou o aparecimento da empresa e da
moderna administração ocorreu no final do século XVIII e se estendeu ao
longo do século XIX, chegando ao limiar do século XX. Esse fenômeno, que
trouxe rápidas e profundas mudanças econômicas, sociais e políticas, chamou-se
Revolução Industrial.
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, com a
invenção da máquina a vapor, por James Watt, em 1776. A aplicação da
máquina a vapor no processo de produção provocou um enorme surto de
industrialização, que se estendeu rapidamente a toda a Europa e Estados
Unidos.
A Revolução Industrial desenvolveu-se em duas fases
distintas: a primeira fase de 1780 a 1860. É a revolução do carvão, como
principal fonte de energia, e do ferro, como principal matéria-prima. A
segunda fase de 1860 a 1914. É a revolução da eletricidade e derivados do
petróleo, como as novas fontes de energia, e do aço, como a nova
matéria-prima.
Ao final desse período, o mundo já não era mais o mesmo. E a
moderna administração surgiu em resposta a duas consequências
provocadas pela Revolução Industrial, a saber:
Crescimento acelerado e desorganizado das empresas que
passaram a exigir uma administração científica capaz de substituir o
empirismo e a improvisação;
Necessidade de maior eficiência e produtividade das
empresas, para fazer face à intensa concorrência e competição no mercado.
Difícil é precisar até que ponto os homens da Antiguidade,
da Idade Média e até mesmo do início da Idade Moderna tinham consciência
de que estavam praticando a arte de administrar.
Já no século XX, surge Frederick W. Taylor, engenheiro
americano, apresentando os princípios da Administração Cientifica e o
estudo da Administração como Ciência.
Conhecido como o precursor da TEORIA DA ADMINISTRAÇÃO
CIENTÍFICA, Taylor preconizava a prática da divisão do trabalho,
enfatizando tempos e métodos a fim de assegurar seus objetivos “de máxima
produção a mínimo custo”, seguindo os princípios da seleção científica do
trabalhador, do tempo padrão, do trabalho em conjunto, da supervisão e da
ênfase na eficiência.
Nas considerações da Administração Científica de Taylor,
a organização é comparada com uma máquina, que segue um projeto
pré-definido; o salário é importante, mas não é fundamental para a
satisfação dos funcionários; a organização é vista de forma fechada,
desvinculada de seu mercado; a qualificação do funcionário passa a ser
supérflua em consequência da divisão de tarefas que são executadas de
maneira repetitiva e monótona e finalmente, a administração científica,
faz uso da exploração dos funcionários em prol dos interesses particulares
das empresas.
A Administração
Científica
Em 1911, Taylor publicou o livro considerado como a “bíblia”
dos organizadores do trabalho: Princípios da Administração Científica,
que tornou-se um best-seller no mundo inteiro.
Reconhece-se hoje que as propostas pioneiras de Taylor deflagraram
uma ”febre” de racionalização, que prepararam o terreno para o advento do
TQC (Total Quality Control), ocorrido ao longo do pós-guerra.
As propostas básicas de Taylor: planejamento,
padronização, especialização, controle e remuneração trouxeram decorrências
sociais e culturais da sua aplicação, pois representaram a total
alienação das equipes de trabalho e da solidariedade grupal, fortes
e vivazes no tempo da produção artesanal. Apesar das decorrências
negativas para a massa trabalhadora, que as propostas de
Taylor acarretaram, não se pode deixar de admitir que elas representaram
um enorme avanço para o processo de produção em massa.
Paralelamente aos estudos de Taylor, Henri Fayol, que era
francês, defendia princípios semelhantes na Europa, baseado em sua
experiência na alta administração. Enquanto os métodos de Taylor eram
estudados por executivos europeus, os seguidores da Administração
Científica só deixaram de ignorar a obra de Fayol quando a mesma foi
publicada nos Estados Unidos. O atraso na difusão generalizada das ideias
de Fayol fez com que grandes contribuintes do pensamento
administrativo desconhecessem seus princípios. Fayol relacionou 14 (quatorze)
princípios básicos que podem ser estudados de forma complementar aos de
Taylor.
As 05 (cinco) funções precípuas da gerência administrativa
como: planejar, comandar, organizar, controlar e coordenar, o já conhecido
e exaustivamente estudado nas escolas de administração – PCOCC – são os
fundamentos da Teoria Clássica defendida por Fayol. Esta Teoria considera:
a obsessão pelo comando, a empresa como sistema fechado e a manipulação
dos trabalhadores, que, semelhante à Administração Científica, desenvolvia
princípios que buscavam explorar os trabalhadores.
Traçando-se um paralelo entre a Administração
Científica e a Administração Clássica, conclui-se que enquanto
Taylor estudava a empresa privilegiando as tarefas de produção, Fayol a
estudava privilegiando as tarefas da organização. A ênfase dada pelo
primeiro era sobre a adoção de métodos racionais e padronizados e máxima
divisão de tarefas, enquanto o segundo enfatizava a estrutura formal de
empresa e a adoção de princípios administrativos pelos altos escalões.
Na história da evolução da Administração não se
pode esquecer a valiosa contribuição de Elton George Mayo, o criador da Teoria
das Relações Humanas, desenvolvida a partir de 1940, nos Estados Unidos e
mais recentemente, com novas ideias, com o nome de Teoria do
Comportamento Organizacional. Ela foi, basicamente, o movimento de reação
e de oposição à Teoria Clássica da Administração, com ênfase centrada nas
pessoas. Teve como origem: a necessidade de humanizar e democratizar a
administração, o desenvolvimento das chamadas ciências humanas (psicologia
e sociologia), as ideias da filosofia pragmática de John Dewey e da
Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin e as conclusões do Experimento de
Hawthorne, já bastante estudado e discutido nas escolas de administração.
Em 1932, quando a experiência foi suspensa, estavam delineados os
princípios básicos da Escola de Relações Humanas, tais como: o nível de
produção como resultante da integração social, o comportamento social do
empregado, a formação de grupos informais, as relações interpessoais, a
importância do conteúdo do cargo e a ênfase nos aspectos emocionais.
A partir de 1950 foi desenvolvida a Teoria
Estruturalista, preocupada em integrar todas as teorias das diferentes
escolas acima enumeradas, que teve início com a Teoria da Burocracia de
Max Weber, que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios
aos objetivos (fins), para que se obtenha o máximo de eficiência.
Convém citar ainda, a Teoria de Sistemas desenvolvida
a partir de 1970, que passou a abordar a empresa como um sistema aberto em
contínua interação com o meio ambiente que o envolve e a Teoria da
Contingência, desenvolvida no final da década de 1970. Para essa teoria a
empresa e sua administração são variáveis dependentes do que ocorre no
ambiente externo, isto é, a medida que o meio ambiente muda, também
ocorrem mudanças na empresa e na sua administração como consequência.
Assim sendo, os princípios fundamentais das Teorias de
Taylor, Fayol, Mayo e Weber foram e serão sempre os pilares da evolução e
do desenvolvimento da ciência da Administração e que têm motivado e
impulsionado os estudos, pesquisas, trabalhos e obras dos seus seguidores
até os nossos dias.
É importante conhecer a história da Administração no Brasil
e os precursores da luta de torná-la reconhecida. A história da
Administração iniciou-se em 1931, com a fundação do Instituto da
Organização Racional do Trabalho – IDORT, que contava com o Professor
Roberto Mange, suíço naturalizado, na sua direção técnica.
Em meados do mesmo ano o Departamento Administrativo do
Serviço Público, até hoje conhecido pela sigla DASP, foi fundado pelo Dr. Luiz
Simões Lopes. Por este órgão foi criada a Escola de Serviço Público que
enviava técnicos de administração aos Estados Unidos para a
realização de cursos de aperfeiçoamento, com defesa de tese. Os
conhecimentos e as ações desenvolvidas por estes especialistas, no seu retorno
ao país, fez deles pioneiros da Administração no Brasil, como profissão.
Novamente sob orientação do Dr. Luiz Simões Lopes, em 1944, foi criada a
Fundação Getúlio Vargas, mantenedora da EASP – Escola de Administração de
Empresas de São Paulo.
Junto com o DASP, foi criado um cargo exclusivo de Técnico
em Administração (hoje Administrador).
Sentia-se então a necessidade de institucionalização urgente
da profissão do Administrador, como forma de preservar o mercado de trabalho
para os que já atuavam na Administração Pública e para os egressos
daquelas escolas, bem como, defender a sociedade de pessoas inabilitadas e na
maioria despreparadas.
No entanto, institucionalizar uma profissão não é tarefa
fácil e a estratégia adotada deveria consistir na fundação da ABTA – Associação
Brasileira de Técnicos de Administração, em 19 de Novembro de 1960, que tinha
como símbolo o hexágono.
A entidade recém-criada começou a desenvolver esforços com
vistas a preparação de um projeto de lei que institucionalizasse a administração.
É de inteira justiça salientar aqui a inestimável colaboração do Professor
Alberto Guerreiro Ramos, Técnico de Administração do DASP, na época Deputado
Federal, para a aprovação do projeto. Guerreiro Ramos foi decisivamente apoiado
pela ABTA na luta pela sanção presidencial, já que a reação de poderosas forças
contrárias pugnava pelo veto.
Afinal, com o importante apoio do Diretor Geral do DASP, a
Lei nº 4769, foi sancionada em 09 de Setembro de 1965, pelo então Presidente da
República, Humberto de Alencar Castelo Branco.
Para implantação da citada Lei, o Ministério do Trabalho
nomeou uma Junta Federal presidida por Ibany da Cunha Ribeir, aliada à ABTA,
presidida por A. Nogueira de Faria, que forneceu sua estrutura e seus recursos
materiais e humanos, implantando assim os Conselhos Regionais de Minas
Gerais, Ceará, Pernambuco e Bahia.
Entre os que exerceram o cargo de Técnico de Administração
no DASP, além dos acima mencionados, podemos citar Celso Furtado e
Belmiro Siqueira. Este último ocupou vários cargos naquela repartição pública,
dentre eles o de Diretor Geral, em 1967 e 1968.
O Patrono dos Administradores
Belmiro Siqueira é o Patrono dos Administradores,
título que lhe foi outorgado “pos-mortem” e dá nome ao concurso nacional
anualmente promovido pelo Sistema CFA/CRAs: prêmio “BELMIRO SIQUEIRA DE
ADMINISTRAÇÃO”.
Administrador, professor, consultor, assessor governamental,
colunista de vários jornais, sempre escrevendo sobre assuntos ligados à sua
área de atuação. Autor de vários trabalhos sobre Administração foi eleito
Conselheiro Federal em 1977 e Vice-Presidente do Conselho Federal de
Administração – CFA, até 28 de Novembro de 1987, data de seu falecimento. Na
ocasião encontrava-se no exercício da Presidência do CFA. Era mineiro de Ubá,
nascido a 22 de Outubro de 1921.
Torna-se imperativo, nesta oportunidade, exaltar a valiosa,
decisiva e importante contribuição do Administrador Belmiro Siqueira. Cujo
talento, profissionalismo e dedicação à nossa categoria ficarão para sempre
registrados nos anais da história da Administração, no Brasil.
Os profissionais de administração eram denominados, na
época, de Técnicos de Administração, o que transmitia uma conotação de formação
escolar de nível médio.
Mais de 02 anos após a publicação dessa Lei ela foi
regulamentada através do Decreto 61.934, de 22 de setembro de 1967.
Foi criado então, o órgão responsável pela disciplina e
fiscalização do exercício profissional: o CFTA – Conselho Federal de Técnicos
de Administração, com a missão de trabalhar pela afirmação da existência e
fixação da profissão de Administrador no macro sistema sócio-jurídico-econômico
nacional.
Começaram a ser criados outros Conselhos Regionais nas
diversas capitais do país, que hoje compõem o Sistema CFA/CRA’s, com a finalidade
de difundir e consolidar a missão do órgão maior (CFTA) da categoria, com
abrangência e autonomia nas diversas regiões da Unidade Federativa.
Coincidindo com o 20° aniversário da criação da profissão de
Administrador, por força da Lei Federal n°735, de 13 de junho de 1985, foi
mudada a denominação de Técnico de Administração para ADMINISTRADOR, após uma
vibrante campanha em 1983, coordenada pelo CRA-SP, que levou ao Ministério do
Trabalho as reivindicações de todas as instituições do País ligadas ao campo da
administração: universidades, faculdades, associações profissionais,
sindicatos, além de milhares de assinaturas de profissionais e apoio de centena
de Câmaras Municipais.
A administração na
última década
Inicia-se, assim, um novo tempo de desenvolvimento e
aperfeiçoamento da Administração, como Ciência e como Profissão. A
tecnologia moderna aliada aos cientistas, pesquisadores e professores, com seus
mecanismos, estudos e trabalhos vêm provando que Administrar é necessário,
proveitoso e imprescindível em qualquer segmento, contexto ou situação na vida
das pessoas, das empresas e das entidades.
Neste ano de 2005 a profissão de Administrador completa,
oficialmente, 40 anos de sua criação no Brasil e no decorrer dessas quatro
décadas é inegável o crescimento e o aperfeiçoamento das pessoas e instituições
que estudam, ensina, trabalham, dirigem ou fiscalizam a profissão do
Administrador, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas.
Atualmente existe mais de 1.700 instituições de ensino
superior e de especialização na área de Administração, um contingente de mais
de 300.000 profissionais registrados em todo país, 600.000 alunos cursando
administração, além da demanda aos vestibulares da área, que só perdem para os
dos cursos de medicina.