Sempre que se trata do assunto cerimonial e protocolo surgem várias ideias
ligadas a preciosismos desnecessários e supérfluos ou mesmo, numa linguagem
vulgar, excesso de preocupações com detalhes, entendidos como “frescuras” que
não levam a nada.
Na prática, isso
representa um verdadeiro preconceito ou estereótipo adotado por muitas pessoas,
que desconhecem o tema, sua abrangência e importância no dia-a-dia da vida
pessoal, das atividades sociais e profissionais de todos nós e das empresas
onde atuamos.
Interessante
notar que a primeira lembrança sobre cerimonial com a qual lidamos está ligada
à expressão comumente usada ao se receber um amigo em nossa residência ao
dizer-lhe: deixe de cerimônia no intuito de fazer com que se sinta à vontade.
Na verdade, o que se quer dizer, neste exemplo, é que a pessoa se comporte sem
formalismos. Isso porque a ideia inicial que se tem de cerimonial é algo ligado
a formalidades, a atos formais e solenes.
Conceitos
Para desenvolver essa ideia inicial, vale apontar e entender alguns conceitos
próprios de cerimonial:
• Cerimônia - sequencia de partes que integram um evento ou ato formal;
• Solenidade -
evento no qual a “pompa” se faz necessária, em função da característica
protocolar e mais formal;
• Protocolo =
conjunto de preceitos e normas legais que devem ser obedecidas, para dar maior
solenidade (“pompa”) possível a determinados eventos ou atos, cuja grande
significação convém ser ressaltada e destacada em determinada programação.
Na prática,
pode-se inferir que o Protocolo é um conjunto de regras, aplicadas e seguidas
pelo Cerimonial. E de modo mais enfático ainda: quanto mais solene for o
evento, maior protocolo deve ser adotado.
Outro detalhe
fundamental do qual não se pode afastar é a ligação e a interdependência entre
Cerimonial, Protocolo e Eventos, o que corresponde à visão tríplice apresentada
na Figura 1, que traduz a ideia de que quem faz eventos deve conhecer e dominar
as técnicas do cerimonial e as normas e regras de protocolo:
Funções do
Cerimonial
Pode-se também
entender a inter-relação entre cerimonial, protocolo e eventos, pela simples
identificação das funções do cerimonial que, na prática, são resumidas em:
• Disciplinar (regular precedência e adotar outras normas protocolares);
• Organizacional
(definir rituais, gestos, honrarias e privilégios, símbolos do poder,
ordenando-os sincronicamente, como partes de um evento ou cerimônia);
• Semiológica
(prever a linguagem formal, internacional e diplomática, e as formas de
cortesia, de etiqueta social, de tratamento, de redação e expressão oficial)
• Legislativa (codificar a legislação, as regras, os costumes e preceitos, em
normas de protocolo, no plano interno e externo);
• Pedagógica e
Ética (comunicar e ensinar para transmitir valores, formas de etiqueta e boas
maneiras, de acordo com as culturas e civilizações, comunidades ou organizações
públicas ou privadas;
• Informal
(realizar e comemorar datas e eventos sociais de toda ordem).
A ótica de
Relações Públicas
A ótica de
Relações Públicas é ressaltada a partir da visão do evento como um Veículo de
Comunicação Dirigida Aproximativa – VCDA e o único a propiciar a interação e a
integração entre a organização e seus públicos, constituindo-se em instrumento
essencial à comunicação integrada ou global da organização: “uma questão
estratégica no composto da comunicação” (onipresença).
Nesse contexto,
Cerimonial apresenta-se como ferramenta de qualidade, que quer agregar emoção e
destaque ao evento como o seu diferencial. Isso acontece a partir da ordenação
e orientação para realização do evento (suas partes/ sequencia e programação
geral), para cumprir e fazer cumprir as regras de Protocolo, de conformidade
com o planejamento e em paralelo ao da organização, da coordenação e do
controle, mediante o uso de instrumentos essenciais como o plano, o cronograma
e o check-list do evento.
Na ótica de
Relações Públicas não se admite mais o evento emergencial, o famoso
“churrasquinho quebra-galho”, de última hora, que nada resolve, pois neste tipo
de ação perde-se tempo e investimento.
A partir da
premissa que evento sem planejamento é uma ficção, hoje, mais que nunca, além
de concorrer para a construção da imagem positiva e fortalecimento do conceito
corporativo, as Relações Públicas também contribuem para os resultados
mercadológicos da empresa, por isso manter a visão tríplice de Cerimonial/
Protocolo/ Eventos/, é fundamental na dinâmica e na vida das empresas.
Paulo Regis
Salgado
Profissional de
Relações Públicas
Assessor de
Cerimonial e Protocolo
Professor de
Cerimonial e Etiqueta