Quarta-feira à noite... E tenho que escrever um texto de duas laudas até
sexta-feira... O que faço? Estudar cansada... Tudo bem, mas produzir um texto
quando a cabeça não consegue pensar em mais nada, não é tarefa fácil.
Sentada na cama começo a pensar como foram meus últimos dias... Por que não
produzi o que precisava? Por que parece que deixei tudo para a última hora? Se
até um feriadão tivemos no meio do caminho...
É bem verdade que com a mudança de emprego estou demorando mais para cumprir
minhas tarefas no trabalho. Mas, não seria eu a primeira pessoa que ao começar
a trabalhar num ambiente desconhecido, como num passe de mágica, saberia fazer
tudo com perfeição.
E o inglês? Pois é, sete anos se passaram desde a minha formatura, sete anos
sem utilizar o idioma. Então o jeito é correr atrás, fazer curso e estudar... Estudar...
Tenho estudado muito!
Voltando ao trabalho... Como se organiza um evento recebendo informações
cruciais com atraso a todo o momento, sem conseguir despachar com a chefia e
sem autonomia nas decisões? E como ter autonomia se você ainda desconhece
informações básicas a respeito do cotidiano profissional? Não há de se ter
autonomia mesmo! O que se pode e se deve ter são iniciativa e boas ideias para
compensar a lerdeza. (risos)
E no meio de tudo isso ainda tem o Congresso, do qual fui convidada a
participar. Uma semana viajando é uma semana a menos de trabalho no mês.
Preciso adiantar tudo! Mas não reclamo... Quantas pessoas gostariam de poder
ausentar-se do trabalho durante uma semana para participar de um evento na sua
área? Apesar do cansaço estou muito feliz com a viagem.
E o feriadão? No feriado tinha planejado: faria todas as “tarefas” da pós. Mas,
quis o destino que perdêssemos um membro da família. Já dizia o poeta... ”Os
bons morrem jovens”... E, infelizmente, tive que trocar os cadernos pelo apoio
ao meu marido... Que precisava mais de mim. É para isso que a gente se casa,
não? Para ter quem cuide da gente e para cuidar também.
Ufa... E a cabeça não para... Que agito... Afinal, sobre o que mesmo vou
escrever? Onde estão as tais habilidades? Habilidades... Habilidades... É isso!
Habilidade é uma palavra crucial para a Secretária
Executiva, uma profissional que, ainda nos dias de hoje, sofre discriminação.
Mas será por quê? Acredito que por influência do machismo, considerando que, no
passado, quando a mulher começou a trabalhar eram poucas as funções que ela
podia desempenhar. Algumas se tornaram professoras, outras quando não sabiam o
que fazer, mas queriam trabalhar fora (gritavam por liberdade de expressão)
tornavam-se secretárias. Mas que fique claro: à secretária daquela época não
eram exigidas as habilidades exigidas à Secretária Executiva de hoje. Ela
passava o dia atendendo e transferindo ligações telefônicas, datilografando
documentos que eram ditados pela chefia, agendando compromissos que a chefia
pedia. Era alguém capaz de organizar documentos, de observar e aprender rotinas
administrativas simples.
Mudanças aconteceram, felizmente. Hoje, a secretária trabalha em função da
qualidade de atendimento ao seu cliente interno e externo, gerencia as
informações através de processos administrativos, coordena reuniões e pessoas.
Concentra sua capacidade na criação de novas rotinas de trabalho e na observação
e percepção do comportamento de quem assessora para tornar seu trabalho mais
efetivo e harmonioso.
A realidade é que a gestão de processos tornou-se a verdadeira aliada à
Secretária pelo fato de aumentar a produtividade, eliminar o desperdício em
função de uma melhoria contínua, e por gerar qualidade de vida no trabalho. A
partir do momento que se padroniza os procedimentos, tende-se a ganhar tempo e
a harmonizar o ambiente de trabalho. Se ganha tempo para pensar e a ênfase
antes dada a tarefas repetitivas passa a dar lugar a contribuições mais
estratégicas.
Em meu local de trabalho a gestão de processos não é utilizada. Existe certa
organização, sabem-se as responsabilidades de cada servidor, mas não existe uma
padronização dos procedimentos. Pretendo solicitar a autorização do meu
Executivo para aplicar o método PDCA no escritório, organizando cada processo
administrativo com o auxílio do servidor responsável por cada tarefa, com a
intenção de aperfeiçoar o resultado na execução das atividades. Sei que será
uma tarefa desafiadora, que levará alguns meses, mas é isso o que me atrai: o
desafio. No início haverá resistência, mas com o tempo fluirá naturalmente.
Ser Secretária Executiva é isso... É ter habilidade de fazer várias tarefas ao
mesmo tempo e dar conta de tudo. É conseguir coordenar uma equipe com
eficiência no trabalho e ainda pensar em alternativas e sugerir inovações.
Estudar sempre, capacitando-se cada vez mais... E não deixar de ser atenciosa
com a família e com os amigos... Fazer tudo isso sempre bela e no salto...
Sorrindo... Como se tudo estivesse perfeito como um lindo dia de praia!
Autora: Giovana Redel, secretária executiva, pós-graduanda de MBS – Gestão de Pessoas e Processos com Especialização em Secretariado pelo Convênio CESUSC/SINSESC, Florianópolis (SC).