No dia 12 de março comemorou-se o Dia do Bibliotecário. A
data, escolhida em homenagem a Manuel Bastos Tigre, primeiro bibliotecário do
Brasil, foi instituída nos anos 1980. Mas o que mudou efetivamente na carreira
destes profissionais desde então?
O ambiente taciturno de uma biblioteca, com livros
empoeirados e profissionais de idade avançada, ficou no imaginário popular. Se
nos anos 1980 a máquina de escrever reinava absoluta em grande parte das
bibliotecas, com controles de acervo sendo feitos de forma manual, hoje vemos
bibliotecas integradas ao contexto digital, onde o usuário consegue interagir
com o acervo de formas variadas, da tela do computador ou com um toque no
celular, por meio do aplicativo da biblioteca.
Com estas adequações, o dia-a-dia da profissão de
bibliotecário passou por diversas mudanças, que na verdade tendem a se intensificar.
A explosão da informação deixou o trabalho ainda mais complexo, mas hoje são
múltiplas as oportunidades de criação de um ambiente muito mais atrativo ao
público, por meio da utilização de ferramentas tecnológicas.
Para Liliana Serra, bibliotecária da empresa Prima, que
desenvolve o software para bibliotecas SophiA, o advento digital transforma
profundamente o ambiente que conhecemos nas bibliotecas. “Algumas instituições
estão nascendo sem a presença de acervo físico, com seus acervos compostos apenas
por documentos digitais. Em outros casos, o digital está substituindo o físico,
abrindo condições para outras utilizações do espaço da biblioteca.”
Mas engana-se quem pensa que a diminuição da presença dos
usuários nos espaços físicos da biblioteca diminuiu também a procura pelo
acervo. “A quantidade de documentos digitais consultados pelos catálogos na
Web, as visitas ao site da instituição e a utilização de serviços oferecidos
online aumentou enormemente, o alcance ficou maior. A biblioteca não atende
mais somente sua comunidade próxima, mas qualquer pessoa interessada em
consultar seus acervos. A exposição ficou maior, o que acarreta em novas
responsabilidades.”, afirma Liliana.
Neste contexto está a Biblioteca Nacional Digital, filha
mais nova da Biblioteca Nacional que tem suas origens advindas da chegada da
Corte Portuguesa ao Brasil, no século XIX. A instituição vem revolucionando a
forma de acesso ao seu acervo. Por meio do sistema Sophia a BN Digital tem
cerca de 900 mil documentos disponibilizados a um clique de distância de
qualquer lugar do mundo. Em seu site encontramos preciosidades como a 1ª edição
de Os Lusíadas, A Carta de Abertura dos Portos, o Decreto que antecedeu a Lei
Áurea, entre outros.
É a era do “Just in time”, com usuários buscando recursos e
serviços rápidos para atender às suas demandas. Para se atualizar a este
cenário o bibliotecário precisa explorar os recursos tecnológicos e de gestão
para que tenha condições de otimizar sua atividade e oferecer serviços de
informação com a agilidade solicitada. As ferramentas estão sendo oferecidas:
repositórios digitais, streaming de áudio e vídeo, aplicativos para
dispositivos móveis, autonomia ao usuário por meio de terminais web inteligente,
mas não para por aí.
Existem diversas perspectivas de aplicação de novas
tecnologias em bibliotecas. O mercado de softwares já começa a trabalhar nelas.
Web semântica, linked data, big data, business intelligence, são alguns
exemplos. Mas antes de pensar nestas é preciso digerir e aplicar em toda a sua
complexidade as que já estão disponíveis para uso, e esta é uma tarefa para um
profissional que tem sede de informação: o bibliotecário.