Aproveitando o atual momento político vivido pela sociedade brasileira, em que
há um clamor pela transparência nas relações e pelo comprometimento com o
coletivo, torna-se pertinente voltar o olhar sobre o grupo dos secretários como
classe que busca, ainda hoje, o respeito dessa sociedade que demanda ações
políticas para o respeito ao povo.
A profissão de secretário, em qualquer dos níveis, é alvo de permanentes
discussões sobre a sua própria identidade. Inúmeras são as manifestações em
eventos, entrevistas, textos, artigos e conversas entre professores, estudantes
e profissionais sobre o entendimento equivocado da profissão, mantendo
nomenclatura exclusivamente no feminino, desqualificando ou, no mínimo,
simplificando o significado de "secretariar". Após quase 30 anos de
regulamentação (Lei 7.377/85, complementada pela Lei 9.261/96) a realidade
comprova que a nossa profissão ainda não possui uma identidade legitimada.
É comum e frequente encontrarmos colegas secretários desmotivados no trabalho,
desestimulados nas Instituições de Ensino, desanimados nas salas de aula e
desinteressados pela área de modo geral. Não raro, também, dada a exaustão das
tentativas frustradas na busca de valorização, ocorre o desvio de colegas já
formados para outras áreas no mercado de trabalho.
Mas, a quem cabe a cobrança sobre tal consolidação identitária? A nós? Aos que
nos representam, enquanto coletivo? Aos que nos formam? O que nos falta para
obtermos, então, o respeito da sociedade para com a profissão? Aqui, cabem
algumas considerações a partir da realidade observada no dia a dia de nossa
profissão:
1. Como secretários, o que fazemos pela profissão e pelo tão
sonhado "respeito" e "reconhecimento"?
2. Qual o motivo de exigirmos o cumprimento da lei para ocupação de vagas, seja
no âmbito público ou privado? Só porque a lei existe? O que nos faz diferentes?
A formação? Estamos acompanhando como essa formação está ocorrendo? Estamos
saindo realmente qualificados de nossas formações?
3. Se a resposta da última pergunta for sim, por qual motivo nos vemos
substituídos por outras formações, inclusive em editais de concurso?
4. Qual o argumento para eliminar outras formações da concorrência a vagas de
secretários, se a própria representação em nível nacional reconhece e apoia
outras formações para condução de assuntos específicos da área?
5. Quais os motivos pelos quais "desconhecemos" a dinâmica de nossas
representações? Quem são, quem os autorizou a nos representar? Como acompanhamos
suas ações?
6. A "legitimação" da identidade de nossa profissão é a responsável
pela "evolução" da profissão? Ou primeiro deveríamos evoluir em
nossas reflexões e ações para que disso resultasse a consolidação da
identidade?
7. Se o Secretariado Executivo consta entre as dez carreiras de maior expansão
de vagas no Brasil (Edição Especial nº 27 de julho de 2013 do RADAR do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), porque há tantos cursos de nível
superior da área sendo fechados? Essas vagas estão sendo ocupadas diante do
cumprimento da lei?
8. Quais as razões para espaços de discussões sobre a profissão ter, sempre, a
baixa participação dos que a compõem? A quem interessa que estejamos tão
"desatentos" às discussões?
9. Quais são as personalidades, entidades ou órgãos do Secretariado que agem
efetivamente para que a profissão seja pensada, em todas as instâncias, para a
sua consolidação (imagem, ocupação no mercado, desenvolvimento, etc.)?
Essas questões são importantes quando levantamos discussões
sobre identidade. Existe uma zona de conflito nas informações disponibilizadas
ao Secretariado que provoca uma “crise de identidade”: a regulamentação busca a
simples reserva de mercado ou destaca uma relevante singularidade de
competência para exercer uma função? As discussões sobre a profissão são
subsidiadas no "ouvir os secretários" ou se constituem em espaços
meramente simbólicos, sem resultados efetivos?
Talvez, a força que falta para essa categoria só será evidenciada quando os que
a compõem souberem responder, com atitudes , à questão: o que o Secretariado
quer? Ser ouvido, respeitado e legitimado ou manter a situação que está posta?
Subscrevem o texto os estudantes e profissionais:
Eduardo César Pereira Souza
José Alexandre Silva de Brito
Maíra Farias
Omar Pinto Monteiro
Raul Vitor Oliveira Paes
Ronald Henrique Acipreste
Rosimeri Ferraz Sabino
Ubirajara Gerardin Júnior
José Alexandre Silva de Brito
Maíra Farias
Omar Pinto Monteiro
Raul Vitor Oliveira Paes
Ronald Henrique Acipreste
Rosimeri Ferraz Sabino
Ubirajara Gerardin Júnior