Especialistas comentam a importância do bom humor no ambiente de trabalho.
Tornar o ambiente de trabalho tão agradável como qualquer
outro é o que nove entre dez especialistas da área de recursos humanos e
motivação organizacional proferem na atualidade. Mas como cultivar o bom humor
se as condições de trabalho e os colegas nem sempre são os mais satisfatórios?
De acordo com os entrevistados do Empregos.com.br, o temperamento é algo
intrínseco da personalidade da pessoa, mas pode ser trabalhado e melhorado.
O bom humor no trabalho não só torna as relações
interpessoais mais agradáveis, como também “melhora a produtividade, ameniza
pressões e o estresse”, segundo José Tolovi Júnior, presidente do Great Place
to Work Institute. Para ele, identificar um profissional bem ou mal humorado
começa já no processo de seleção. “Dá para perceber qual é o gênio da pessoa
logo na conversa. Infelizmente, muitas empresas ainda levam mais em conta a
parte técnica da pessoa, sem dar muita importância para a personalidade. Mais
tarde, o perfil do profissional pode não casar com o estilo da empresa, gerando
conflitos”.
“O bom humor estimula a produção de hormônios responsáveis
pela sensação de prazer”, segundo Denise Manfredi, da Business School São
Paulo. Ela também diz que “bom humor não se fabrica, mas pode ser melhorado com
treinamentos e autoconhecimento”. Mesmo assim, ela explica que existe um limite
entre o bom humor construtivo e o destrutivo. “O sarcasmo e o preconceito podem
vir disfarçados em forma de brincadeiras aparentemente inocentes. O líder deve
ter a percepção em manifestações preconceituosas e tomar as devidas atitudes”.
Lidando com o mau humor
De acordo com Denise, quando surgiu o boom da gestão participativa nas empresas
– em que os colaboradores possuem certa autonomia em relação à liderança –
gerou-se também o conflito de o líder sentir, de certa maneira, sua autoridade
ameaçada. “Empresas horizontais estimulam mais questionamentos e requerem maior
autoconhecimento corporativo”. Encontrar a harmonia entre as relações pessoais
no trabalho nem sempre é fácil.
“O mal humorado pode ser uma tragédia, de acordo com o cargo
da pessoa”, afirma o consultor Sérgio Becker. Ele diz que pessoas com esse tipo
de personalidade são uma âncora para a empresa, pois não vão para frente e
impedem os outros de evoluir. Ele dá algumas dicas de como identificá-los: “o
mal humorado não celebra vitórias, não ri, não é criativo, não agrega, gosta de
chamar a atenção, é conformado, quadrado, autorreferente, previsível, mistura
pessoal com profissional, é simpático, mas não empático”. Ele ainda revela um
dado interessante de uma pesquisa realizada por sua consultoria, a Becker
Motivação e Mudança. “Em todos os treinamentos motivacionais que já fizemos,
cerca de 75% dos profissionais conseguiram alguma melhora. O resto é do tipo
que não muda, tem feedback negativo e não quer enxergar seus pontos fracos.
Digo que essas pessoas são ‘muito abertas ao monólogo’”.
E o que fazer quando se é preciso lidar com esse tipo de
profissional? De acordo com os entrevistados, se você não puder mudar de
emprego, tenha o mínimo contato possível com o mal humorado. “Se a pessoa é
excepcional tecnicamente e não pode ser dispensada, recomendo a ‘blindagem
corporativa’”, diz Becker. Para Denise, nesses casos você deve se relacionar
apenas profissionalmente, deixando o lado pessoal de fora. “Ou você aprende a
lidar com isso ou é melhor sair da empresa”.
Por Clarissa Janini