A Teoria Estruturalista surgiu por volta da década
de 50, como um desdobramento dos autores voltados para a Teoria da
Burocracia que tentaram conciliar as teses propostas pela Teoria Clássica e
pela Teoria das Relações Humanas. Os autores estruturalistas procuram
inter-relacionar as organizações com o seu ambiente externo, que é a sociedade
maior, ou seja, a sociedade de organizações, caracterizada pela
interdependência entre as organizações.
A Teoria Estruturalista, assim como a Teoria da Burocracia,
faz parte também da abordagem estruturalista. O enfoque da teoria estruturalista
é na estrutura e ambiente, assim, de acordo com Chiavenato (2003), essa teoria
trouxe uma importante ruptura com relação às anteriores. Ela mostra a
organização como sendo um sistema aberto que se relaciona com o ambiente e com
outras organizações. A Teoria Estruturalista baseia-se no conceito de
estrutura, que é um todo composto por partes que se inter-relacionam. Portanto,
o todo é maior do que a simples soma das partes. O que significa que os
sistemas organizacionais não são a mera justaposição das partes.
De acordo com Chiavenato (2003), esta teoria caracteriza-se
por sua múltipla abordagem, englobando em sua análise a organização formal e
informal, recompensas materiais e sociais e entre outros, reconhecem os
conflitos organizacionais, ditos como inevitáveis. Por fim, os estruturalistas
fazem uma análise comparativa entre as organizações, propondo tipologias, como,
a de Etzione (1980), na qual ele se baseia no conceito de obediência, e a de
Blau e Scott (1970), que se baseia no conceito de beneficiário principal.
Origem da Teoria Estruturalista
A Teoria Estruturalista foi criada a partir de um
desdobramento da Teoria da Burocracia e como contrapartida da reviravolta na
Administração, causada pelos princípios sociais e filósofos da Teoria das
Relações Humanas.
Ao final da década de 1950, as Teorias Clássicas e Relações
Humanas criaram situações sem saída que a Teoria da Burocracia não deu conta de
resolver, e a Teoria Estruturalista foi criada na tentativa de suprir essa
carência de soluções na Administração. (CHIAVENATO, 2003).
A Teoria Estruturalista teve como origem os seguintes fatos:
• A oposição surgida entre a Teoria Clássica e a Teoria das
Relações Humanas – incompatíveis entre si - tornou necessária uma posição mais
ampla e compreensiva que integrasse os aspectos considerados por uma e omitidos
pela outra e vice-versa. A Teoria Estruturalista pretende ser uma síntese delas,
inspirando-se na abordagem de Max Weber.
• A necessidade de visualizar "a organização como uma
unidade social complexa na qual interagem grupos sociais" que compartilham
alguns dos objetivos da organização (como a viabilidade econômica da
organização), mas podem se opor a outros (como a maneira de distribuir os
lucros). Seu maior diálogo foi com a Teoria das Relações Humanas.
• A influência do estruturalismo nas ciências sociais e sua
repercussão no estudo das organizações. O estruturalismo influenciou a
Filosofia, a Psicologia (com a Gestalt), a Antropologia (com Claude
Lévi-Strauss), a Matemática (com N. Bourbaki), a Lingüística, chegando até a
teoria das organizações• com Thompson, Etzioni e Blau. Na teoria
administrativa, o estruturalismo se concentra nas organizações sociais.
• Novo conceito de estrutura. O conceito de estrutura é
antigo. Heráclito; nos primórdios da história da Filosofia, concebia o
"logos" como uma unidade estrutural que domina o fluxo ininterrupto
do devir e o torna inteligível. É a estrutura que permite reconhecer o mesmo
rio, embora suas águas jamais sejam as mesmas devido à contínua mudança das
coisas. Estrutura é o conjunto formal de dois ou mais elementos e que permanece
inalterado seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos, isto é, a
estrutura mantém-se mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou relações.
A mesma estrutura pode ser apontada em diferentes áreas, e a compreensão das
estruturas fundamentais em alguns campos de atividade permite o reconhecimento
das mesmas estruturas em outros campos. O estruturalismo está voltado para o
todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a
interdependência das partes e o fato de o todo ser maior do que a soma das
partes são as características do estruturalismo.
Homem Organizacional
Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o "homo
economicus" e a Teoria das Relações Humanas "o homem social", a
Teoria Estruturalista focaliza o "homem organizacional", a pessoa que
desempenha diferentes papéis em várias organizações. Na sociedade de
organizações, moderna e industrializada, avulta a figura do homem
organizacional que participa de várias organizações. O homem moderno, ou seja,
o homem organizacional, para ser bem-sucedido em todas as organizações, precisa
ter as seguintes características de personalidade:
• Flexibilidade, em face das constantes mudanças que ocorrem
na vida moderna e da diversidade de papéis desempenhados nas organizações.
• Tolerância às frustrações para evitar o desgaste emocional
decorrente do conflito entre necessidades organizacionais e necessidades
individuais, cuja mediação é feita através de normas racionais, escritas e
exaustivas.
• Capacidade de adiar as recompensas e poder de compensar o
trabalho rotineiro na organização em detrimento de preferências pessoais.
• Permanente desejo de realização para garantir cooperação e
conformidade com as normas organizacionais para obter recompensas sociais e
materiais.
As organizações sociais são conseqüências da necessidade que
as pessoas têm de relacionar-se e juntar-se com outras a fim de poder realizar
seus objetivos. Dentro da organização social, as pessoas ocupam certos papéis.
Papel significa um conjunto de comportamentos solicitados a uma pessoa; é a
expectativa de desempenho por parte do grupo social e conseqüente
internalização dos valores e normas que o grupo, explícita ou implicitamente,
prescreve o indivíduo. O papel prescrito para o indivíduo é reforçado pela sua
própria motivação em desempenhá-lo eficazmente. Cada pessoa pertence a vários
grupos e organizações, e desempenha diversos papéis, ocupa muitas posições e
suporta grande número de normas e regras diferentes.
Reengenharia
Segundo Ferreira, Pereira e Reis (2002), reengenharia é uma
reestruturação radical da empresa por meio de um conjunto de processos que tem
como finalidade o rápido ajuste às condições do mercado. A reengenharia é
realizada de uma só vez, apresenta resultados em longo prazo e é um processo de
alto risco.
Segundo Abreu (1994, apud Ferreira, Pereira e Reis, 2002), a
reengenharia apresenta quatro fases:
1. Estratégia: É a fase em que ocorre a elaboração do
planejamento estratégico.
2. Ativação: É a fase em que há a ênfase nos ganhos de
desempenho.
3. Melhoria: É a fase em que há a agregação de novos
valores.
4. Redefinição: Neste último, há a criação de novas unidades
de negócios.
Ferreira, A.; Pereira, I.; Reis, C. (2002) afirma que, por
ser uma reestruturação radical, a reengenharia traz diversas mudanças. Os
colaboradores passam a trabalhar em equipes de processo em vez de departamentos
de função. Essa mudança tem como conseqüência o fortalecimento do espírito de
equipe e uma maior autonomia dos funcionários que passam a ser instruídos em
vez de supervisionados. Além disso, a habilidade passa a ser o principal
critério de promoção, substituindo o desempenho.
Apreciação Crítica
Segundo Ferreira, A.; Reis, C.; Pereira, I. (2002), as
críticas feitas ao Estruturalismo normalmente são respostas às críticas
formuladas pelos próprios estruturalistas em relação à outras teorias,
principalmente à Teoria das Relações Humanas. Dentre as críticas recebidas,
destacam-se as seguintes:
§
Ampliação da abordagem: A Teoria Estruturalista ampliou o campo de visão da
administração que antes se limitava ao indivíduo, na Teoria Clássica, e ao
grupo, na Teoria das Relações Humanas, e que agora abrange também a estrutura
da organização, considerando-a um sistema social que requer atenção em si
mesmo.
§
Ampliação do estudo para outros campos: A Teoria Estruturalista alargou também
o campo de pesquisa da administração, incluindo organizações não- industriais e
sem fins lucrativos em seus estudos.
§
Convergência de várias teorias: Na visão de Chiavenato (2003), nota-se, no
Estruturalismo, uma tentativa de integração em ampliação nos conceitos das
teorias que o antecederam, a saber: A Teoria Clássica, a Teoria das Relações
Humanas e a Teoria da Burocracia.
§
Dupla tendência teórica: Ainda para Chiavenato (2003), alguns dos autores
estruturalistas enfatizavam somente a estrutura e os aspectos que integravam a
organização, onde a mesma é o objeto da análise. Outros autores se atêm aos
aspectos como conflitos e divisões na organização.
Diante da fragilidade e da insuficiência da Teoria Clássica
e a de Relações Humanas, estas criando um empecilho que a própria Teoria da
Burocracia não conseguiu transpor, os estruturalistas procuram ter em vista a
estrutura formal, porém, integrando a uma abordagem mais humanística.
Consideramos, portanto, que ela é uma síntese da Teoria Clássica (formal) e da
Teoria das Relações Humanas (informal), tentando integrar as duas, numa perspectiva
crítica.
Referências
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da
administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações.
Revisada e atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
FERREIRA, A.; REIS, C.; PEREIRA, I.. Gestão empresarial: de
Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de
empresas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.