Em sua essência, a comunicação necessita de resposta para se
realizar, pois a mensagem sem retorno não é comunicação, é apenas um
comunicado, pura transmissão de dados.
Há consenso de que uma das causas principais dos insucessos
nas organizações é a falta de feedback, que torna as comunicações deficientes e
geradoras de conflitos e improdutividade. De um modo geral, as pessoas não se
sentem comprometidas em dar retorno, seja por uma equivocada sensação de poder,
falta de hábito, negligência, desvalorização do outro ou por simples falta de
educação. Daí as crises crônicas de relacionamento, disputas de poder e falta
de integração.
De um modo geral, as escolas não educam as pessoas para a comunicação plena,
que engloba as dimensões do falar, ouvir e dar feedback. Na realidade, tem
faltado até mesmo educar a pensar. Recebemos apenas instruções técnicas, com
que, em geral, somos treinados a não pensar, e, portanto, induzidos a simplesmente
memorizar e arquivar informações. Privilegia-se o escutar mecânico e não o
ouvir orgânico. Não fomos incentivados a refletir sobre a relação de causa e
efeito dos fatos que acontecem em nosso bairro, cidade, país, quanto mais, em
nosso planeta. Chega a ser raro encontrarmos um ambiente de verdadeiro diálogo
nas empresas, nas famílias, nos colégios e nas universidades. É um verdadeiro contrassenso:
falta comunicação na Era da Informação e do Conhecimento.
A dificuldade de se encontrar solução para os problemas ligados à falta de
comunicação está exatamente na falta de uma educação norteada pela cultura do
diálogo, pelo ato de refletir em grupo e pensar com espírito de
compartilhamento, respeitando as diversidades culturais e as ideológicas de cada
pessoa ou grupo, para consolidar um ambiente de convivência das diferenças,
aliás, esse é o princípio básico da democracia.
É essa falta da educação mais básica, traduzida como respeito ao próximo, que
gera a falta de feedback, certamente um dos maiores complicadores para o
sucesso da comunicação e o estabelecimento de relações duradouras. Na sociedade
informacional em que vivemos, somos diariamente bombardeados por notícias dos
mais variados teores e objetivos. Porém, nossa capacidade de absorver essa fenomenal
quantidade de informação e transformá-la em conhecimento é muito reduzida,
devido à falta de debate e discussões sobre os temas abordados. A grande
quantidade, somada à rapidez com que as notícias são divulgadas, não facilita a
disposição para pensar ou refletir sobre o assunto tratado.
A tecnologia coloca à nossa disposição informações sobre praticamente tudo o
que imaginarmos. Por meio de Intranets, e-mails e blogs, podemos conversar
virtualmente com pessoas do mundo todo. Porém, nenhuma tecnologia, por mais
arrojada que seja, substitui a riqueza do contato humano tête-à-tête, olho no
olho.
Segundo Tom Peters “Na era do e-mail, do poder do supercomputador, da Internet
e da globalização, a atenção – uma prova de generosidade humana – constitui o
melhor presente que podemos dar a alguém”.
Antes de ser instrumental, a comunicação é essencialmente humana e extremamente
humanizadora. De nada servem veículos e canais oficiais de comunicação interna,
tais como Intranet, jornal dos funcionários, boletim e mural de notícias, se
não houver efetivamente a disposição das lideranças para o diálogo e um
ambiente favorável à conversação e à troca de idéias.
Em sua essência, a comunicação necessita de resposta para se realizar, pois a
mensagem sem retorno não é comunicação, é apenas um comunicado, pura
transmissão de dados. É como se fosse o impulso eletrônico ou mecânico de uma
máquina para outra. Infelizmente, de um modo geral, é esse tipo de comunicação
formal e burocrática – sem feedback, e, por isso, falha e incompleta – que as
empresas mais utilizam em seu cotidiano.
Preocupa-se mais com a eficácia dos mecanismos de transmissão da mensagem do
que propriamente com o seu conteúdo. Uma mensagem deve sempre ser capaz de
promover a reflexão necessária, para que gere mobilização e o retorno que se
almeja. De outra forma, é difícil motivar pessoas a superarem desafios e
alcançarem metas, seja na dimensão pessoal, seja na profissional.
A maioria das empresas costuma centrar a comunicação na notícia escrita, através
de circulares, boletins, memorandos, relatórios, ordens de serviço e manuais de
procedimentos. É um sistema formal e frio, sem relacionamento humano, em que o
emissor (gestor ou gerente) envia mensagens de cima para baixo, e os receptores
(funcionários), quando exigidos, respondem mecanicamente, dentro do padrão
normatizado pela empresa, de forma funcional, seguindo o trajeto de baixo para
cima.
É comum, inclusive, encontrarmos comunicações deficitárias em empresas com
sofisticadas estruturas e diversificados produtos de comunicação empresarial,
como televisão e rádio corporativas, jornais de funcionários on-line e
Intranet. Aliás, grande parte das informações empresariais circula hoje por
meio eletrônico, como e-mails, sites, chats e blogs empresariais. Mas, ao
verificarmos o conhecimento real dos destinatários sobre as informações
veiculadas por esses meios, vemos que o nível de ignorância é bem maior do que
o imaginado. Chega-se ao extremo de alguns funcionários desconhecerem até mesmo
as nomenclaturas e os objetivos dos principais projetos e os processos de sua
área de atuação na empresa. O diagnóstico é claro e objetivo: falta de
feedback, ausência de diálogo, ou seja, muita transmissão de informação e pouca
comunicação face a face, pessoa a pessoa. Ou seja, muitas palavras e pouco
diálogo.
Autor: Gustavo Gomes de Matos
Fonte: Portal RH.com.br