As conversas sobre o desempenho de executivos procuram
descrever um conjunto ideal de competências, aquelas que garantiriam alta
produtividade. As mais conhecidas são foco no resultado, capacidade de
execução, capacidade analítica e competência de estabelecer e sustentar
relações e alianças.
A minha privilegiada observação do cotidiano, em função da
extensão da minha rede de relações depois de anos atuando como professor e
headhunter me permite acrescentar uma competência que é eterna e fundamental: o
senso de humor. Não me refiro ao piadismo barato, à gozação agressiva ou ao
deboche.
O humor é uma demonstração clara de inteligência emocional e
uma competência que se destaca nas relações profissionais. Falo de sagacidade,
de leitura rápida do contexto. Os britânicos riem de supostos diálogos ácidos
entre o primeiro-ministro Winston Churchill (1874-1965) e Lady Nancy Astor
(1879 –1964), primeira mulher a ocupar uma cadeira no parlamento britânico.
No mais célebre deles, Lady Astor diz: “Se o senhor fosse
meu marido, eu colocaria veneno em seu chá”. E Churchill responde: “Madame, se
a senhora fosse minha mulher, eu beberia”. Lady Astor, igualmente rápida,
também tinha suas tiradas.
Em uma delas, Churchill pergunta com que personagem deveria
ir a um baile à fantasia e Lady Astor sugere: “Por que você não vai sóbrio,
primeiro-ministro?”. Se esses diálogos ocorreram de fato, nunca se saberá. Mas
são ótimos exemplos de pensamento ágil, agudo e bem-humorado.
O humor propicia o chamado alto-astral, facilita as
relações, abre as portas e diminui as resistências. É possível pensá-lo como
uma habilidade, aprimorável por meio da prática? Considero o senso de humor uma
competência eterna, que se desenvolve ao longo da vida de um indivíduo.
Desde criança a pessoa tem maior interesse (ou é estimulada)
a avaliar o contexto, contar histórias e a reproduzir situações. O
desenvolvimento de um olhar crítico começa na tenra infância.
O bom humor é antes de tudo um sinal de que a pessoa está
balanceada, que seus sentimentos e opiniões estão equilibrados. A pessoa
bem-humorada pensa com o cérebro e sente com o coração. O senso de humor tem de
ser perseguido, requer uma abertura para olhar o mundo por vários ângulos, pede
uma mente alerta e ativa e em geral se expressa por um gesto milenar e
universal: o sorriso. Sorria!