Para quem está se preparando para vestibulares e concursos
públicos, você já se deparou com o seguinte assunto: As funções do “se”?
Falarei sobre esse assunto em algumas postagens – em doses
homeopáticas, para não se tornar um assunto muito assustador, agora vamos
aprofundar mais. Mas não se preocupe que não é tão assustador assim...
Anote: A primeira função do “se” que vou mostrar é: Pronome
reflexivo.
Lembre-se de que a palavra “reflexivo” já remete a algo que volta para si mesmo, certo?
Pronome Reflexivo
Indica que o sujeito pratica a ação e que essa ação recai
sobre esse mesmo sujeito.
Ex.: O
gerente se feriu com a atitude que tomou.
E, ainda, dois sujeitos praticam uma ação recíproca, ou
seja, um causa efeito no outro.
Ex.: Romeu e
Julieta amam-se.
“Se” nesses
dois casos são pronomes reflexivos.
Outra função do “se” é Partícula integrante do verbo. O
próprio nome já avisa: “se” faz parte do verbo, praticamente nasceu com ele.
Ex.: Por que ele
não para de se queixar?
Da mesma forma que digo queixar-se, digo queixar-me,
queixar-nos, etc. Quando a partícula é integrante do verbo, podemos usar todos
os pronomes oblíquos átonos: me, te, nos, vos.
Além da função de pronome reflexivo e de partícula integrante
do verbo, como vimos, o “Se” também faz papel de partícula apassivadora e de
partícula de realce, chamada, também, de partícula expletiva.
Partícula
apassivadora: Serve para indicar que a frase está na voz passiva sintética.
O que é voz passiva sintética?
Só para relembrar:
Vozes do verbo
Voz ativa: o sujeito faz a ação:
Ex.: Martha
digitou todo o trabalho em apenas trinta minutos.
Sujeito: Martha
Voz passiva: Quem
comete a ação agora é o agente da passiva:
Todo o trabalho foi digitado por Martha em apenas trinta
minutos.
Sujeito: Todo o
trabalho
Agente da passiva:
por Martha.
A voz passiva divide-se em dois tipos: Voz passiva
analítica e voz passiva sintética.
Voz passiva analítica: Algo
é feito por alguém.
Ex.: A prova do
concurso está sendo preparada.
Ex.: A
estatística foi feita pelo IBGE.
Ex.: A prova foi
bem elaborada.
Voz passiva sintética:
Faz-se algo
Ex.: Cortam-se
cabelos.
Ex.: Falavam-se
bobagens.
Ex.: Finalizaram-se
as provas.
Ex.: Alugam-se
casas.
Perceba que essas frases podem ser transformadas em voz
passiva analítica (apenas frases com verbos transitivos diretos - aqueles que
não vêm acompanhados de preposição):
Ex.: Cabelos são
cortados
Ex.: Bobagens são
faladas
Ex.: As provas
foram finalizadas.
Ex.: Casas são
alugadas.
Voltando ao
assunto partícula apassivadora: o elemento “se” nas sentenças passivas
sintéticas é chamado de partícula apassivadora.
Partícula de realce ou expletiva
Como já dito, é usada para dar maior ênfase ao que se quer
dizer. Acompanha verbos intransitivos, ou seja, aqueles que não
necessitam de complemento.
Ex.: Murcham-se
as flores.
O verbo murchar, não necessita de pronome e é intransitivo
(Flores murcham).
O “se” nesse caso é usado apenas para realce.
Outro exemplo: O
vento se foi tão rápido quanto veio.
Agora o “se” como índice de indeterminação do sujeito e “se”
como sujeito acusativo.
Falaremos agora sobre o uso do “se” como indeterminação do
sujeito e sujeito acusativo:
Indeterminação do
sujeito:
Ex.: Precisa-se
de livros.
Quem precisa? Não sabemos.
Ex.: Morre-se de
tédio.
Quem? Também não sabemos.
Ex.: Necessita-se
de voluntários.
Quem necessita? Outra vez, não sabemos.
Sentenças assim, cujo sujeito não é claro, ou seja, ele é
indeterminado, a partícula “se” tem a função de “Índice de indeterminação do
sujeito”, pois não podemos apontar quem precisa, quem morre, quem necessita.
Você pode perguntar: O que é sujeito indeterminado?
Primeiramente:
Não é possível determiná-lo
Além disso: O
verbo encontra-se na 3ª pessoa do plural, sem a existência de uma pessoa que
cometeu a ação:
Ex.: Enviaram o
e-mail para o endereço errado.
Ex.: Disseram que
ele chegou atrasado.
Quem enviou o e-mail? Quem disse que ele chegou atrasado?
Não sabemos.
E ainda, o verbo encontra-se na terceira pessoa do singular
mais a partícula se – detalhe – nesses casos o verbo é sempre
transitivo indireto, ou seja, vem acompanhado de preposição.
Ex.: Precisa-se
de mais tempo.
Ex.: Necessita-se
de voluntários.
Neste último caso o sujeito é indeterminado e classificamos
a palavra “se” como índice de indeterminação do sujeito.
Sujeito acusativo
O elemento “se” é considerado sujeito acusativo quando ele é
sujeito de um verbo e objeto direto de outro ao mesmo tempo. Que enrolado! Mas
um exemplo vai clarear, eu penso:
Ex.: Eles
deixaram-se levar pela indisciplina alheia.
Qual o objeto do verbo deixar? “se” que corresponde a
“eles”.
Qual o sujeito do verbo “levar”? “se”.
Ou seja, o objeto do verbo deixar é “se” e o sujeito do
verbo levar é “se” também. Quando isso acontece, a partícula “se” é chamada de
sujeito acusativo, afinal foram eles mesmos os responsáveis por cometer uma
ação e por ser o objeto dessa ação.