Em 2012, cerca de sete milhões de matrículas de graduação
foram feitas no Brasil e neste mesmo ano mais de 800 mil pessoas receberam o
diploma de ensino superior. Números que tendem a crescer mais ainda durante
algum tempo, afinal apenas 11% da população entre 25 e 64 anos possui tal
formação, posicionando-nos em último lugar num ranking de 36 países estudados
pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Contudo, para surpresa de muita gente, mesmo com o canudo em
mãos boa parte destes formandos tem enfrentado um grave problema: quando se
apresentam ao mercado de trabalho, descobrem que a sua capacitação não atende
os requisitos mínimos exigidos pelos empregadores, sucumbindo então às melhores
oportunidades ofertadas.
Antigamente, diploma era sinônimo de alta qualificação e
empregabilidade; hoje não mais. E por quê? Estamos diante da "Geração do
Diploma", isto é, uma gama de milhões de indivíduos que cursaram a
graduação, mas permanecem despreparados para enfrentar os desafios de um
mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
Podemos atribuir este fenômeno à confluência de vários
motivos. O primeiro deles, sem dúvida, é a falta de experiência prática que
estas pessoas carregam, mesmo quando seu histórico acadêmico revela que
acumularam certificados de renomadas instituições de ensino. Por isto é que
elas literalmente travam ao terem de liderar outros indivíduos, trabalhar em
equipe, administrar conflitos ou comunicar suas ideias com eficácia no dia a
dia.
Também há o problema da baixa qualidade do ensino ofertado
pela maioria das universidades. Com uma abordagem exageradamente teórica - que
impede o desenvolvimento de competências críticas como estas já citadas - e
professores desmotivados, muitos dos aprendizes estão mais preocupados com a
nota do semestre do que em aprender de verdade.
Outro grave complicador é o fato de que uma parcela
considerável dos alunos não está minimamente preparada para alcançar um bom
desempenho acadêmico em decorrência dos déficits de aprendizagem que carrega
desde o ensino básico. Aliás, isto me faz lembrar a história de um colega professor
de matemática que deixou o plano de aulas de lado para ensinar operações
básicas aos seus alunos recém-ingressados na universidade. Era fazer isso ou,
então, contentar-se em não avançar praticamente nada ao longo do ano.
No entanto, o dado mais preocupante tem a ver com o índice
de analfabetismo funcional entre os universitários. Segundo o Instituto Paulo
Montenegro (IPM), 38% dos acadêmicos brasileiros não conseguem interpretar
textos de média complexidade e, quando formados, também não saberão ler
relatórios, analisar problemas ou lidar com indicadores gerenciais em seu
trabalho.
É por conta de todos estes fatores que muita gente atua em
posições medianas, mesmo com quilos de diplomas, enquanto acompanha
profissionais sem pedigree - mas com performance inquestionável - sendo
disputados por várias companhias. Se estes já são realidade e mostraram a que
vieram, aqueles parecem ter potencial só que ainda não provaram seu real valor.
A formação acadêmica continuará sendo decisiva na trajetória
profissional de cada um de nós, porém não pense que seu diferencial virá do
saber acumulado. É o seu portfólio de competências que chamará a atenção dos
contratantes durante este e os próximos anos. Ou seja, a combinação entre o
conhecimento técnico, a vivência prática e os resultados alcançados nas mais
diversas situações-limite enfrentadas..
Antes de se inscrever num novo curso - especialmente, os de
longa duração -, avalie bem o que você espera dele e o que fará para aproveitar
os recursos lá investidos. Prestar-se ao papel de angariador de certificados já
não é uma boa escolha há tempos.
Por: Wellington Moreira para o RH.com.br