Quem não se lembra do Zangado, personagem do clássico
infantil "Branca de Neve e os Sete Anões"? Na história, ele se
diferencia por reclamar de tudo, estar o tempo todo de cara feia e enxergar
sempre o lado negativo das coisas. Essas características, em função do contexto
fantasioso da história, tornaram o personagem Zangado muito gracioso. Mas,
infelizmente, sua presença mal-humorada rompeu as fronteiras das páginas dos
livros infantis e hoje pode ser vista também nos ambientes de trabalho - e, é
claro, sem graça alguma.
As características do autêntico Zangado corporativo,
marcadas principalmente por reclamações constantes e cara feia, tornam-no um
profissional nocivo às empresas, aos colegas de trabalho e a si próprio. Vale
dizer que, em algumas corporações, a presença de funcionários ranzinzas é,
equivocadamente, justificada pelas competências técnicas que apresentam, pela
confiança que conquistaram ou ambas. Mas, se o ranzinza estiver posicionado em
um cargo de comando ou no atendimento ao cliente, os prejuízos ganham
proporções exponenciais.
Funcionários que reclamam de tudo porque nada está
suficientemente bom para eles, que vivem de cara amarrada e possuem falas como:
"Já vi esse filme antes, não dá em nada...", "Isso não vai dar
certo", "Essa meta é absurda" ou "Aqui só tem
incompetentes", causam muitos prejuízos às empresas porque negativam o
ambiente de trabalho e fragilizam diretamente a efetividade do trabalho em
equipe, a produtividade, a criatividade, as iniciativas de mudança
organizacional, a agilidade na tomada de decisões, entre outras ações que, se
não desempenhadas, afetam profundamente os resultados do negócio.
A experiência de conviver com um colega de trabalho com o
estereótipo do Zangado corporativo é desgastante. Pode ocorrer perda de energia
pessoal e até ser prejudicial à saúde, por causa do estresse comumente
envolvido nesse tipo de relacionamento. Já para a pessoa que reclama de tudo,
os danos podem ser ainda mais sérios. Além da obviedade dos efeitos à própria
saúde, as implicações sobre a vida profissional vão desde ser preterida a
cargos de maior responsabilidade e complexidade e ter a carreira estagnada até
a dificuldade de ser recolocada no mercado de trabalho.
Em razão dessas e outras consequências que, em princípio,
podem parecer subjetivas, é que as práticas contemporâneas de Gestão de Pessoas
preconizam que os funcionários devem ser avaliados tanto pelas competências
técnicas como comportamentais. Portanto, se você se identifica com essas
características e quer mudar o rumo de sua história profissional,
comprometendo-se com o desempenho e o sucesso em sua carreira, há sete dicas
importantes para afastar o mau humor.
1 - "Faça uma autoavaliação e fique atento ao seu comportamento". Todos nós, eventualmente, podemos estar sujeitos ao mau humor. Entretanto, merece atenção se ele for algo frequente em seu cotidiano.
2 - "Busque o autoconhecimento". Detecte os
gatilhos do mau humor, avalie-os e aja sobre eles, afastando-os.
3 - "Pratique a gratidão". As pessoas que a
exercitam têm maior habilidade para enxergar uma mesma situação por outra
perspectiva.
4 - "Examine seu dia a dia profissional". No seu
trabalho, a quantidade de atividades que você gosta de fazer, ou seja, que te
dão prazer, deve ser maior do que as atividades que você julga menos
prazerosas. Questione-se: isso tem acontecido?
5 - "Exercite o domínio próprio". Acredite, você
pode escolher suas reações diante de adversidades e valorizar ou não situações
ruins.
6 - "Desenvolva a resiliência". Não se deixe
perturbar e nem se atenha mais que o tempo suficiente a circunstâncias
desgastantes.
7 - "Administre sua vida". Seja organizado e
possua planos "B".
No mundo corporativo, todo profissional possui uma marca pessoal que é traduzida pelo desempenho, resultados e atitudes. Dessa forma, se você deseja crescimento e sucesso profissionais, é melhor deixar que o Zangado seja apenas uma lembrança de infância, um gracioso personagem de uma história infantil e dizer adeus à cara feia.
Por Eni Santos