Ferramentas como a Análise de Aderência Ética (AAE) ajudam
as organizações a identificar o grau de aderência dos candidatos ao seu perfil
ético, fortalecendo assim a cultura ética da empresa e sua capacidade de
resistência às fraudes.
Tratar da gestão da ética nas organizações é fundamental nos processos de
recrutamento. “Não há organização ética ou antiética, ou ainda, classificação
de que uma determinada sociedade é moral ou amoral”, afirma Renato Santos,
Gerente Executivo da ICTS Protiviti, empresa global de consultoria e
serviços especializada em Gestão de Riscos, Auditoria Interna, Ética,
Compliance e Segurança. Mas há comportamentos que não estão de acordo
(compliance) com boas práticas e estes comportamentos se dão sempre pelo
indivíduo. “Podemos inferir que somente a ação humana individual é valorada
moralmente”, acrescenta.
Segundo o especialista, as organizações devem buscar
comprometimento ético nos seus candidatos, assumindo a responsabilidade de
auxiliá-los na resolução de conflitos éticos com que podem se deparar durante o
exercício de suas funções, já que dilemas éticos podem ocorrer, e a omissão do
que se espera dos profissionais diante de tais dilemas não é salutar para a
organização. Daí, programas de seleção com o escopo do entendimento da ética do
candidato e compliance estão estritamente interligados, pois se
baseiam em valores e responsabilidades morais, que procuram incentivar o
cumprimento e conformidade às leis e políticas internas, o que, por sua vez,
tende a culminar no fortalecimento da cultura ética da organização, afirma o
especialista.
Programas de seleção com uma abordagem ética devem envolver
todos os níveis da organização, caso contrário, não atingirão o seu objetivo
macro de buscar uma maior homogeneidade na forma de conduzir questões éticas.
Uma ferramenta de gestão da ética é a denominada Análise de
Aderência à Ética, que tem como objetivos identificar o nível
de compliance individual dos participantes com a cultura da
organização; mitigar vulnerabilidades que interfiram na manutenção de um
ambiente ético; sugerir aprimoramentos às normas e procedimentos da empresa em
relação à sua clareza para prevenção de perdas e fraudes e reforçar a mensagem
corporativa da importância da ética, levando a um aumento de inibição a má
conduta. “Esse processo é aplicado para candidatos a posições sensíveis em suas
organizações, sensibilidade essa que pode estar atrelada à vulnerabilidade das atividades
que seu cargo propicia ao lidar com informações confidenciais, bens, dinheiro,
negociações, entre outras”, disse.
Uma das formas de identificar a verdadeira percepção de
ética do profissional é buscar padrões de emoção em sua fala. Santos dá alguns
exemplos: “Ao invés de perguntar ao candidato “você teve problemas na sua saída
da empresa anterior?“, peça para ele relatar o último dia dele na empresa
anterior. Ao se lembrar desse dia, ele resgatará da memória emoções positivas
ou negativas de sua saída, que serão expressadas através da sua linguagem
verbal e não-verbal, possibilitando um maior aprofundamento do tema.”