Apresentamos o conceito de motivação, sua definição e as
principais teorias que explicam essa competência fundamental no desenvolvimento
pessoal e profissional.
O que é motivação? Talvez a melhor forma de começar seja
dizendo o que não é. Muitas pessoas acham que a motivação é um traço pessoal,
isto é, alguns a têm e outros não. Na prática, alguns gerentes rotulam como
preguiçosos empregados que parece não ter motivação. Este tipo de rótulo
pressupõe que um indivíduo é sempre preguiçoso ou não se motiva com o que faz.
Nosso conhecimento dos principais conceitos e teorias nos diz que isto não é
verdade.
Neste artigo vamos definir o que é motivação além
de nos aprofundarmos nas principais teorias sobre comportamento motivacional.
O que sabemos é que a motivação é o resultado da interação
entre o indivíduo e a situação. Certamente, indivíduos diferem em seus impulsos
motivacionais básicos. Mas o mesmo empregado que se sente logo entediado por
abaixar a manivela da sua furadeira pode ficar horas a fio abaixando a manivela
de uma máquina caça-níqueis em Las Vegas sem se sentir nem um pouco
entediado.
Você pode ler um romance completo de uma só vez e achar
muito difícil ler um livro didático por mais de 20 minutos. Não é
necessariamente você, é a situação. Assim, enquanto analisamos o conceito de
motivação, tenha em mente que o nível de motivação varia tanto entre indivíduos
quanto para indivíduos em tempos diferentes.
Motivação é o impulso interno que nos leva à ação; a palavra
sugere exatamente isso: motivo + ação, a força (motivo) que me leva a agir; a
palavra vem do latim moveres, mover.
Está diretamente ligada aos nossos desejos, necessidades e vontades. Há uma
enorme controvérsia dentro da psicologia sobre como funcionam os mecanismos da
motivação; e isso por uma razão muito simples: a motivação é uma das chaves
para a compreensão do comportamento humano; age sobre o pensamento, a atenção,
a emoção e a ação. Envolve anseios, desejo, esforço, sonho e
esperanças.
Do ponto de vista teórico, motivação é um assunto muito
complexo:
Skinner, por exemplo, estudou a motivação como um
condicionamento da mente; Kurt Lewin considera que a motivação é
determinada em grande parte pela influência do meio ambiente sobre o individuo; Murray
e Maslow dão especial importância à questão das necessidades humanas como
ponto determinante da motivação; é muito popular hoje em dia a Pirâmide de
Necessidades de Maslow, um modelo que classifica as necessidades em grau de
urgência, iniciando naquilo que é indispensável à vida (fisiologia, segurança,
relacionamento) e chegando ao grau mais refinado, das necessidades que
proporcionam a sensação de realização pessoal.
Confira nas próximas semanas as principais teorias da
motivação explicadas de maneira didática para você aprofundar seus
conhecimentos e colocar em pratica esses conceitos que vem revolucionando o
mundo e os treinamentos de desenvolvimento humano.
Apenas para citar alguns exemplos: há duas perspectivas
básicas de análise da motivação, como impulso e como atração. Ver a motivação
como impulso significa que sua origem é instintiva, criada a partir de
necessidades internas, como a fome. Esse é o ponto de partida de modelos
explicativos como os de Freud e de Hull. Motivação como atração admite a razão
e a emoção como motores do processo; fazemos escolhas que nos atraem em direção
a algo prazeroso (hedonismo psicológico), é uma força que nos puxa em determinada
direção.
Alguns teóricos admitem os dois princípios como
complementares: a fome, por exemplo, oferece a motivação (impulso) para comer;
a atração nos faz escolher um alimento apetitoso, como lasanha no lugar de
espinafre.
A motivação cobre grande variedade de formas
comportamentais. A diversidade de interesses percebida entre os indivíduos
permite aceitar que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões.
Essa diversidade é a principal fonte de informações a respeito do comportamento
motivacional.
Nesse contexto, ao falarmos em motivação humana, parece
inapropriado que uma simples regra geral seja considerada como recurso
suficiente do qual lançamos mão quando o objetivo é a busca de uma explicação
mais abrangente e precisa sobre as possíveis razões que levam as pessoas a
agir.
Para Cecília Bergamini, existem muitas razões que
explicam uma simples ação: grande parte desses determinantes reside no interior
das pessoas, tornando o estudo da motivação bem mais complexo, ao contrário
daquilo que frequentemente se conclui, tomando-se por base explicações leigas
geralmente adotadas no dia a dia da convivência humana.
Uma vez que cada pessoa possui certos objetivos
motivacionais, o sentido que elas dão a cada atributo que lhes dá satisfação é
próprio apenas de cada uma, é individual. Isto é, o significado de suas ações
tem estreita ligação com a sua escala pessoal de valores. Esse referencial
particular é que realmente dá sentido à maneira pela qual cada um opera sua motivação.
Em outras palavras, as atitudes e o comportamento de cada
pessoa dependem de seus valores interiores. Nesse sentido, as necessidades
também vão variar de pessoa para pessoa; é o caso das necessidades de ordem
afetiva, por exemplo.
Também muito importante compreender o sentido que as pessoas
dão ao trabalho; não vai haver satisfação emocional se a tarefa que as pessoas
fazem não tem sentido para elas, não está alinhada a seus valores internos;
este é o referencial que reata o homem à sua realidade e fornece os
indícios de que precisa para elaborar suas expectativas, ideias e visões
pessoais do que faz sentido para cada um.
(Estarei postando nas próximas semanas, sempre aos sábados,
artigos sobre as principais teorias da motivação)
Marcelo Leandro de Campos