Como Secretária tive e tenho a oportunidade de trabalhar com
diversos perfis de chefes. Quando faço um balanço geral da minha experiência
profissional observo que cada Executivo que assessoro, ao longo dos anos, deixa
o seu legado.
Alguns mais exigentes e explosivos, outros mais lights. Entretanto,
o que posso afirmar, independente da característica de cada um deles,
é que minha postura diante das diversas situações foi e é um divisor
de águas. Enquanto nos colocamos na posição de vítima, sem sombra de
dúvidas, a relação é afetada e seja qual for o perfil do seu chefe, haverá
impacto na relação.
Por isso, procurar um bom relacionamento com o chefe,
reconhecer suas qualidades, seus pontos fortes é uma ótima oportunidade de
aprendizado e crescimento profissional, sem deixar de mencionar que beneficiará
na relação.
Abaixo, compartilho um texto oportuno ao assunto:
Quem nunca reclamou do chefe, que atire a primeira pedra.
"Ele(a) não sabe se comunicar com a equipe", "é centralizador",
"delega demais", "não dá espaço para o time opinar",
"é inseguro porque pede opinião demais"... A lista não tem fim e, por
mais que o líder tente agradar, sempre vai ter alguém insatisfeito. Geralmente,
quem está infeliz gasta energia reclamando em vez de tentar consertar a
situação que o incomoda ou, ao menos, amenizar o problema.
Os especialistas da consultoria mundial em liderança
Axialent prepararam um questionário que ajuda os liderados a descobrirem:
quando algo acontece, você age como vítima ou como protagonista? Então,
responda honestamente às perguntas seguintes:
1. Quando algo dá errado e você é questionado:
a) Você assume a sua contribuição para o problema (Exemplo:
“Não terminei o relatório porque não me dei conta de que o prazo para entrega das
informações pela contabilidade havia vencido e me esqueci de cobrar.”)
b) Você terceiriza a culpa (Exemplo: “O relatório não ficou
pronto porque a contabilidade não me entregou as informações em tempo
hábil...”)
2. Quando seu líder delega uma tarefa e você fica com várias
dúvidas:
a) Você pede esclarecimentos
b) Você sai da conversa pensando em como vai se virar para
descobrir o que ele não falou e/ou o que você não entendeu
3. Quando é requisitado a dar sua opinião:
a) Expressa o que pensa com honestidade consigo mesmo e
respeito pelo outro
b) Omite-se ou diz algo “politicamente correto”
4. Quando você discorda do chefe, você:
a) Expressa seu desacordo, e coloca os fatos que embasam sua
opinião, sem impô-la como a única verdade
b) Comenta sobre seu desacordo com seus colegas, mas não o
menciona ao chefe
Segundo os especialistas, os comportamentos nas respostas
“a” caracterizam o modelo mental do protagonista e, nas respostas “b”, o da
vítima. Se você está mais frequentemente no papel de vítima do que no de
protagonista, esta é a hora de rever seus comportamentos, pois, eles podem
estar impactando negativamente na interação com a chefia.
“A nossa experiência mostra que, se uma das partes mudar o
seu comportamento, a probabilidade de que a outra parte mudará também, aumenta
significativamente. O primeiro passo para ganhar poder na interação é olhar
para si e para seus comportamentos antes de atribuir a responsabilidade pela má
interação a ele”, explica Carlos Misiara, consultor da Axialent no Brasil.
Como virar o jogo
O maior erro de um liderado é acreditar que o comportamento
do líder está errado, mas que ele não pode fazer nada a respeito. Afinal, o
chefe é visto como o “todo-poderoso”, investido de autoridade. É aí que o
funcionário cai na armadilha de assumir o modelo mental da vítima. Nesta
posição, ele não se sente responsável pelo problema que está enfrentando e,
portanto, não faz nada para mudar a realidade.
‘’Podemos dizer que quando somos vítimas, somos inocentes,
não carregamos a ‘culpa’ pelo problema. A desvantagem disso é que nos tornamos
totalmente impotentes. Afinal, se eu não faço parte do problema, como posso ser
parte da solução?”, questiona Misiara.
Ou seja, façamos uma meia culpa, é mais fácil colocar a
culpa nos outros e nos fatores externos, seguindo a máxima do filósofo, Jean
Paul Sartre de que “o inferno são os outros”.
As dicas dos consultores é que o funcionário experimente
fazer diferente do que tem feito em ambiente seguro, por exemplo, com colegas
mais próximos, família ou amigos. Assim que ganhar mais confiança, pratique com
seu líder. Perceba as mudanças no comportamento dele à medida que você vai
mudando o seu.
Se, por exemplo, antes de aceitar uma tarefa, checar
eventuais dúvidas com ele, confirmando o que foi pedido, o prazo e critérios de
qualidade, você estará ajudando o chefe a ser mais claro em seus pedidos e em
suas interações. A probabilidade de que vocês dois sejam mais efetivos é muito
maior.