Na vida das pessoas há um processo permanente de mudanças, onde
novas exigências são feitas, a capacidade de inovação posta à prova
seguidamente e, com isto, novas expectativas eclodem, ferramentas antigas
tornam-se obsoletas para solução eventual de alguma problemática decorrente.
Existem, porém, pessoas que não se advertiram destas
realidades. Suas percepções ocorrem apenas naquilo que lhes impactam
diretamente, vivem uma atitude de limitação e conforto, o que é mais cômodo,
como se nada mudasse.
Com evoluções sociais, ambientais e de conhecimentos, até
crianças e adolescentes se negam a aceitar respostas secas ao serem proibidas
de fazer alguma coisa e retrucam de pronto o “porque não?”. Na verdade são
maneiras diferentes de perceberem o ambiente que as cercam.
“Porque não” nada esclarece. É preciso que inclua uma
lógica, que explique e convença, para que a negativa seja aceita. Se os jovens
reagem assim, calcule no seio empresarial, com pessoas com maturidade superior,
o conflito que estabelece.
Manter o ontem com suas verdades interferindo no hoje é
impedir ou tentar impedir a presença do novo, das realidades contemporâneas, o
que lhe remete a uma desatualização progressiva, à obsolescência. De certeza,
estas miopias das lideranças oportunizam sete pecados capitais, por ocasionarem
perdas de sintonia.
1 - O primeiro deles, o líder nato, aquele que nasceu
pronto. Na verdade, o que ocorria e confundia é que nos tempos passados as
mudanças e os costumes aconteciam numa velocidade bem menor e, por isso, os
líderes que adotavam atitudes conservadoras – mesmo assim – demoravam mais
tempo no exercício da liderança.
2 - Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Não vale.
Obedecer, pura e simplesmente por medo, tem consequências desastrosas e a maior
delas é a quebra violenta do comprometimento.
3 - O terceiro pecado, “o poder pelo poder”. Em princípio,
todo homem quer mais poder. Contudo, o que importa mesmo é a maneira de
buscá-lo. Interesses escusos ou velados levam ou distorcem a finalidade. Se
assim acontece, surge o poder autocrático e egocêntrico, fruto do medo e da
obediência cega, sem a mínima contestação. Com ele, sucumbem as novas ideias,
inovações e vontade de contribuir, mutilando o desenvolvimento.
4 - Mais uma: “uma vez líder, sempre líder”. Para ser
verdadeiro, seria necessário que o mundo estivesse estagnado. Que as pessoas
fossem eternamente iguais. Os mercados não tivessem novas exigências. Que a
tecnologia não precisasse ser cada vez mais competente.
5 - Outra inverdade. Liderança depende de hierarquia. Não é
assim. Chefia é liderança formal, liderança é algo pessoal. A chefia detém
poder delegado, de cima para baixo. A liderança é exatamente o contrário, poder
conquistado, que nasce de baixo para cima.
6 - Resposta positiva não implica em comprometimento. Um
líder deve delegar e acompanhar, jamais largar. O equívoco do líder reside em
ignorar que os serem humanos são, na essência, carentes e o calor do líder
ajuda o afetivo e a autoestima.
7 - Por fim, acreditar que o líder é o principal personagem
na relação líder – liderado. Antônio Celso Mendes Weber acha que são os
liderados. Sem eles, não existiria nem a liderança. Além de tudo, eles podem
conceder ou retirar a liderança. Concordo em parte, tudo dependendo da construção
e da afirmação, enquanto processo, da qualidade do líder e de como aplica sua
liderança.
Em suma, liderança é atitude!
Aucélio Gusmão