A palavra democracia não é suficiente para garantir que uma sociedade seja justa, na medida em que a democracia é apenas um valor político, que não impede o cidadão de se afastar dos seus comportamentos mais virtuosos.
A democracia falha quando não toma consciência de que os interesses políticos,
presentes no homem político, nem sempre são os mesmos dos eleitores, que em sua
maioria, cegos de consciência, já não compreendem que o bom é mau.
Quando a democracia raciocina desta maneira, o que se percebe é que a
consciência política tem apenas o compromisso de evitar que o regime
democrático não seja o pior e não o melhor.
A democracia cometeu erros no passado, quando defendia a ideia de que as
mulheres não deveriam ter os mesmos direitos e oportunidades dos homens, e de
que os índios e os negros não tinham alma, e cria novos erros hoje, quando
permite que corruptos eleitos por populações cegas, continuem a preservar
ambiente de caos, necessários ao fomento das ações escusas e de negociações
particulares com recursos públicos.
E no resgate do que é justo, fica claro, que o comportamento virtuoso do homem
é que possibilita o melhor e o pior para o sistema democrático, sendo a ação
política, por consequência, o resultado do que existe de melhor ou de pior no
político escolhido.
A lógica simples é que o Estado não pode tudo, na medida em que as pessoas
possuem o livre arbítrio em sua capacidade de decisão, e a tentativa de
intervir na vida do cidadão, quando não consentida, caracteriza medida
arbitrária de noção de bem, e imprópria para o regime democrático.
Resta assim, nas entrelinhas da democracia, as disfunções da burocracia e a
acomodação dos ineficientes que não assumem responsabilidades, o que já não é
novidade, para aqueles que são obrigados a conviver com pessoas de almas
pequenas, geradoras de todas as injustiças em que a sociedade humana é
submetida.