Inúmeras foram às vezes fui chorar escondida no banheiro, ou
no refúgio do meu quarto, por sua causa. Permaneci em silêncio ou fingi que não
estava nem ai enquanto você me tratava com absoluto descaso. Eu acordava todas
as manhãs em contagem regressiva para que chegasse logo a sexta feira, durante
o dia, contava as horas para poder sair do ambiente em que você estava. Tinha temor
de você e por vezes acreditei que eu era incompetente como você dizia.
O mundo dá voltas, você sabia?
É obvio que você sabe. Todo mundo sabe. Talvez, com toda sua
arrogância, você só não tenha se dado conta disso ainda. Enfim, é a lei natural
das coisas. Sem saber você me ensinou uma coisa muito importante. Ensinou-me a
correr atrás dos meus objetivos, das minhas ambições profissionais, do meu
desejo de crescer. Descobri que eu tinha um grande potencial.
Antes que o mundo complete sua merecida volta, dando fim a
um ciclo natural, pessoas estão se tornando fortes, enquanto outras estão enfraquecendo.
E essa movimentação natural, depende da nossa preparação e pré-disposição à
mudança, entretanto, só desencadeamos ao sermos tirados da nossa zona de comodidade.
Nesse momento advém o choque de identidade.
E por mais que esse momento de ruptura nos deixa infeliz, por
mais que possa parecer inexplicável e incoerência, o desafio de ser posto à
prova da própria competência trás um enriquecimento grandioso. Falando em momentos infelizes, minhas memorias
recorrem a alguns fatos, desagradáveis, diga-se de passagem. Recordo-me de
frases do tipo: “Você tem que se conformar com sua posição, e não almejar ascensão”,
“Ninguém nesse departamento sabe fazer nada, são todos incompetentes”, “Acha
que por ser aluna de uma faculdadesinha qualquer, sabe alguma coisa”, “Chegar à
posição de destaque não é para qualquer um, não é para você”... Dentre outras
tantas, estas foram frases que eu ouvia no meu dia-a-dia de trabalho.
E refletindo nesse meu passado, percebi que, a deficiência
desses “Chefes Bananas” que encontramos gerenciando equipes, pessoas, setores,
departamento ou mesmo grandes organizações, são pessoas como comuns, e na
maioria das vezes incapazes de gerenciar a própria vida. Porque ser um “Chefe Banana”
não é uma soma de qualidades, mas, a falta delas. Aquele que se acha o “Super
Poderoso”, não passa de um grande “Babaca” que precisam lamber o chão dos
corruptos para conseguirem uma posição.
Superado o trauma da passagem desse “gestor” pela minha vida
profissional, percebi que seu senso estúpido de olhar o aquele é hierarquicamente
menor, aprimorou minha capacidade de raciocínio, sua incapacidade operacional
acelerou meu aprendizado e sua insensibilidade para com o sentimento e a
emoções das pessoas me fizeram desenvolver uma das habilidades que mais utilizo
diariamente, “Inteligência Emocional”, ou falando de uma forma mais popular o “jogo
de cintura”.
Então é por isso tudo que eu estou aqui para lhe agradecer, pois
o meu crescimento profissional deriva dos momentos que me julgou incapaz. Pois provei
a você, e principalmente a mim mesma, que sou capaz de crescer com meus próprios
esforços, sem fazer de ninguém escada para que eu possa subir e sem que seja
necessário (QI) “quem indica” para o meu crescimento profissional.
“Um mundo sem chefes incompetentes é altamente nocivo para
saúde do mercado de trabalho”.
Autor: Acimarleia Freitas