Não só no Brasil se fala muito em ética, hoje. Mas temos
motivos de sobra para nos preocuparmos com a ética no Brasil. O fato é que, em
nosso País, assistimos a uma degradação moral acelerada, principalmente na
política. Ou será que essa baixeza moral sempre existiu? Será que hoje ela está
apenas vindo a público?
Uma ou outra razão, ou ambas combinadas, são motivos
suficientes para provocar uma reação ética dos cidadãos conscientes de sua
cidadania.
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o
desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art.
3° da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988).
A falta e a quebra da ética ameaçam todos os setores e
aspectos da vida e da cultura de um país. Mas não há como negar que, na vida política, a falta ou quebra da
ética tem o efeito mais destruidor. Isto se dá porque o político deve ser um
exemplo para a sociedade.
A política é o ponto de equilíbrio de uma nação. Quando a
política não realiza sua função, de ser a instância que faz valer a vontade e o
interesse coletivo, rompe-se a confiabilidade e o tecido político e social do
país. O mesmo acontece quando a classe política apóia-se no poder público para
fazer valer seus interesses privados.
A multiplicação de escândalos políticos no Brasil só não é
mais grave que uma de suas próprias consequências: a de converter-se em coisa
banal, coisa natural e corriqueira, diante da qual os cidadãos sejam levados a
concluir: “sempre foi assim, nada pode fazer isso mudar”, ou coisa ainda pior:
“ele rouba, mas faz”.
Do outro lado, uma vida política saudável, transparente,
representativa, responsável, verdadeiramente democrática, ou seja, ética, tem o
poder de alavancar a autoconfiança de um povo e reerguer um país alquebrado e
ameaçado pela desagregação.
A ideia de “vida pública”, “serviço público”, “interesse
público”, tem sido uma ideia desgastada por nosso passado colonial, populista,
autoritário-militar e pelo nosso presente neoliberal privatizante. O “público”
em nossa história tem se realizado frequentemente como sinônimo de
ineficiência, descaso, desleixo, baixa qualidade, trampolim para a realização
de interesses privados, etc. A “coisa pública” tem sido considerada aquilo que,
por ser “de todos”, é “de ninguém”, e por isso pode ser apropriada, usada e
abusada. A atual generalização da corrupção política tem levado essa crise do
“público” ao limite.
Cada lei deve ser a expressão da vontade majoritária dos
municípios ou o resultado de um pacto social entre todos eles. A corrupção é
uma prática inaceitável, mais ainda no exercício de um mandato político, de
governadores a vereadores. Os vereadores devem ser um referencial ético para os
cidadãos.
Falar de ética é falar de convivência humana.